quarta-feira, setembro 30, 2009

poema meu

Ei, meus queridos e estimados leitores.
Se quiserem conferir, tem um poema meu AQUI.

Beijos.

domingo, setembro 27, 2009

ora direis

imagem google: fonte desconhecida

Havia 25 milhões de estrelas aquela noite. Foi o que consegui contar. Apertava meus olhos com força para ver se não estava imaginando coisas. Mas não adiantava. Elas se mexiam. Na minha visão míope pareciam bailarinas ensandecidas. Era como me presenteassem com uma dança meio triste, meio azul. As estrelas falavam. O Bilac não saía de minha cabeça: " Ora direis ouvir estrelas, certo perdeste o senso"... E eu as ouvia sim, nitidamente, intimamente. E com medo de mim, fechei a janela. Mas pela fresta, ainda percebia um movimento silencioso daqueles olhos brilhantes, daqueles milhões de olhos brilhantes me olhando.

terça-feira, setembro 22, 2009

chamado

gravura no metal/ rafael godoy

imagino-te louco lobo devasso
quando chega a noite e a lua entretanto
cordeiro manso e frio na cama

me pego então a contar estrelas
no céu da boca a língua saliva
febre insana no corpo que treme

na rua lobos me chamam
estou pronta para saltar os muros
e atravessar paredes

sexta-feira, setembro 18, 2009

sem assobio


tenho que te dizer hoje que a lua está lá, linda, imensa.
as palavras agitam a minha cabeça.
não se encontram.não são amigáveis.
uma garrafa com café já velho, um cigarro pra acender.
essa tela brilhante do computador, a minha lua.
nessa noite os gatos estão em silêncio.
um assobio calmo e afinado destoa-se do resto da cidade.
é esse assobio que me faz pensar.
o homem do assobio não sabe que olho para ele da minha janela.
não sabe a força de seu assobio.
não sabe que sua paz incomoda.
penso um jeito de parar com isso.
assim a música acabaria.
assim tudo ficaria igual.
sem assobio, sem nada.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Constatação

É foda.Tem dia que a gente acorda e pensa: Que merda é essa? E não tem mais saída. O dia continua sendo uma merda. A noite, uma merda. E você dorme e pensa: amanhã vai ser melhor. Acorda e tá tudo uma merda de novo.

quarta-feira, setembro 16, 2009

na segunda manhã

(texto de Danilo de Abreu Lima, dando continuidade ao meu outro texto: "na primeira manhã")

“O inferno era agora, finalmente o diabo tinha vencido. O inferno era agora, finalmente o diabo tinha vencido.”

...e assim, perdivagando nesses pensamentos endemoniados acabei dormindo e o dia se esvaiu assim meio perdido aturdido no centro daquele ciclope daquele som de cabeças sendo cortadas pauleira desdentando bocas e esfacelando crânios e eu a pensar meu deus que poderá ainda vir meu deus meu deus por que tanta doideira numa só tacada será que você já está antecipando o fim eu penava e lembrava o inferno de signos de Pasolini se bem que era muito mais amador e cheio de humor do que esse: esse som( não música, som) ensurdecedor, é foda agüentar esta zuera,mano! E assim eu acabei caindo num sono meio azucrinado sonhando pesadelos acordado viajando nas ondas do inferno e vendo os diabinhos gargalhando lá no fundo do quadro. Perdivagava assim vagabundo na vagazona do entrevigília e sonho e de repente acordei...já não era mais quele dia tinha passado a noite e já era outro dia e já era a manhã do segundo dia... e eu abri a janela, desconfiado, descerrei a persiana devagar como quem não quer nada como caramujo saindo do caracol para se esbaldar na luz do sol e e não houv-ia mais aquela coisa aqueles baticuns aqueles tuntistuntunnnn malditos...ah, havia um solindo lá fora e ...nem entendi ou não acreditava: havia vivaldis sinfônicos voando no ar, eram a primavera o verão o outono e o inverno todos juntos em doces sons que se amalga-amavam nos ouvidos antes surdos- beethoveeeeeens vindos nas asas de abelhas que zumbiam nonas e quintas e maravilhas de Mozart navegando os ares que eram assim meio gelatinosos meio gosmentos de tanta música a pairar parar no ar eu até via eles lá os quatro cavaleiros empunhando rocks dos sessenta
e...ei, será que tomei alguma coisa ontem pra dormir e me ficou essa ressaca essa doideira me fazendo ver o que não é?
.mas não, o diabo não havia vencido e o inferno não era aqui, e agora...ainda havia espaços abertos e flores flores e florestas se abrindo...pensei nos lilazes e nas luzes nas margaridas brancas, sabe aquelas de árvore tipo os ipês aquele escândalo de beleza que até doem nos olhos pensei naqueles velhos interiores e nas pessoas gentes que nem sabem que existem essa música e essas noites e esses desvarios e esses vazios e esses vícios.. pensei nos passarinhos, sim nos passarinhos e no mato e no verde e...
e sei que o diabo não venceu a parada... muitos tamos noutra, ainda, e o mundo ainda tem redenção!

segunda-feira, setembro 14, 2009

na primeira manhã

desenho em carvão /rafael godoy

Na primeira manhã em que abriu a janela para rua, o som intragável de uma música eletrônica fez vibrar seus dois ouvidos. Desde esse dia então pensou que melhor seria ficar trancado até as tripas se dissolverem e saírem por suas orelhas e poros para não ter que escutar aquele som. Um som que devia ficar preso no inferno atormentando as almas pecadoras da Terra. Quando se lembrou da frase de Sartre "o inferno são os outros' riu para si mesmo. O verdadeiro inferno é essa música, concluiu. Pensou em um livro que tinha lido há muitos anos" Os demônios descem do Norte" e era quase profético ao narrar a saga dos evangélicos que vinham da América do Norte e se espalhavam pelo mundo. Eram pensamentos vagos. O Tinhoso devia estar feliz, o capeta e seu tridente em riste. Quis abrir a janela, quis pensar que estava errado, que tinha exagerado em suas percepções. Não pôde. Ao som torturante da música eletrônica, como um marca-passo estúpido e insistente, no meio de tantos que dançavam, havia um ar de triunfo, quase satânico e um sorriso escondido em uns olhos vermelhos. O inferno era agora, finalmente o diabo tinha vencido.

quarta-feira, setembro 09, 2009

além de mim


meça as suas palavras, ele disse
medi e eram do tamanho do mundo
não cabiam mais em mim
atravessaram os oceanos
e as veias quentes do corpo
saíram pelos poros em meu suor
e desapareceram
como as tardes mornas de setembro


imagem:fonte desconhecida

terça-feira, setembro 08, 2009

poema dia/ hoje poema meu

Mais uma vez, convido vocês para darem uma espiada no poema dia. Tem um poema meu lá. Beijos. Clique aqui.

sexta-feira, setembro 04, 2009

hoje tem

Pessoal, tem um poema meu no "simplesmente poesia". Quem quiser conferir é só clicar aqui. beijos.

quarta-feira, setembro 02, 2009

quando vier o dia


Protesto contra a morte de uma jovem de 17 anos, moradora da favela Heliópolis, na zona sul de São Paulo, ocorrida na noite de segunda-feira. Foto de Werther Santana/Agência Estado.
( imagem do blog de Víctor Barone
http://escrevinhamentos.blogspot.com/)

e quando vier o dia
os homens estarão mortos
as crianças tristes e perdidas
e órfãs as mulheres

quando vier o dia
ficarão pássaros com asas queimadas
e o grito insano da cidade

estaremos sedados
a noite e o país em pedaços

melhor fechar as janelas
e não ouvir

estaremos seguros em nossas casas
e alguém dirá que não existe guerra

(esse poema também está lá no Balaio Porreta, aqui)