terça-feira, abril 24, 2007

Martin Oliver II

E Martin Oliver não apareceu
Nem na única noite noite do próximo ano
Nem no ano seguinte e nem nos outros anos
Ainda que Norma Bozz, sua noiva
Não cortasse mais os cabelos
E ficasse deitada em sua cama
Sempre esperando

Os profetas anunciaram a sua volta
As bruxas e feiticeiras, os magos
E todos os videntes
Diziam que Oliver iria voltar

Mas o que se via
Na única noite de todos os anos
Era apenas uma sombra ainda enorme
No planeta próximo, sozinha e parada

Os cavalos permaneciam calmos
E corriam livres nas colinas azuis
Norma Bozz definhara
O cabelo enorme servia-lhe como roupa
E escondia o seu rosto marcado pela dor
Nunca mais saíra de casa
E nem na única noite de todos os anos
Olhava para o céu.

Mas um dia, alguns homens,
sob o sol escaldante
Caminhavam pela terra quente
E encontraram uma estranha criatura
Trazia junto a seu corpo
Uma foto com o rosto de uma jovem mulher

Não falava, não chorava
Ardia em febre
Esses homens o levaram para Petrônio, O Curandeiro
E anunciou ele, olhando para aquela criatura,
Consumida pela febre:
"Daqui a três dias estarás curado"

E passaram três dias ...
E aquele homem estranho, antes febril
levantou-se e disse:
"Quando será a próxima noite?"
"Daqui a 325 dias", disseram.

E esse homem, mostrou um documento
Que trazia o seu nome:
Martin Oliver, descendente de faraó.

Saiu então em busca de sua amada, Norma Bozz
E quando a viu não encontrou mais o seu rosto
Nem seu belo corpo
Apenas viu um amontoado de cabelos
Que cheirava a rosas, um cheiro que conhecia

E ao lado de sua noiva, uma sombra escura
Com um brilho de lua
Carregava em seu colo um bebê
Envolto em uma manta feita por cabelos
Cabelos dourados
E com o mesmo cheiro de sua mãe.

Martin Oliver então se foi
E com ele a sombra
E com ele a noite
A única possível noite
Daquele planeta.