sexta-feira, fevereiro 26, 2010

da janela

modigliani by guga shultze



tantos dias ficava na janela
a perscrustar ruas
a sentir o peso do vento e da lua
o ar alto parado

a vida passava próxima
o corpo longe largado

um aroma mais escuro
impregnava as narinas dilatadas

animal acuado ao ver a moça
de olhos negros molhados





terça-feira, fevereiro 23, 2010

vida

                                                             guga shultze

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Hoje tem!

Oi, gente. Hoje tem um poema meu no Maria Clara. Tem esse também inédito aí embaixo. É só conferir  aí embaixo e  aqui. Beijos

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

enquanto dorme

 
estudo para aquarela/ rafael godoy
enquanto dorme
um homem se atira do oitavo andar do prédio ao lado
e um cão perdido se estende ao sol no meio da rua
três carros capotam na estrada
e alguns pardais tomam banho na água suja

enquanto dorme
a chuva inunda uma cidade inteira
e ratos se escondem nas casas junto às pessoas desesperadas
e aparece uma flor no vaso da nossa janela


enquanto dorme
me deito ao seu lado
e olho para o seu rosto calmo e sereno
para o seu rosto calmo e sereno

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

dome o medo

nanquim/marut

dome o medo
medonho medo
arrasta prende
gela acende

medo medonho
estanca fere paralisa
movimento inércia
liberdade prisão

medo de
barata bandido borboleta
formiga foda faísca
mar morte morcego
polícia puta palhaço
tortura tédio trabalho

dome o medo
dane-se o medo
medo mundano
medo maior de amar



segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Tem poema meu lá!!

Pessoal, tem um poema meu lá no poema dia. Quem quiser conferir, clique AQUI!
Beijos.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

quero a noite

rascunho para tela/ rafael godoy


ainda que o corpo clame
sinto em mim um deserto morno
a luz que bate de manhã e me faz fechar a cortina
tenta entrar pelas fresta da outra janela
bem-te-vis gritam em desarmonia
cadê os pardais?
os projetos em cima da escrivaninha me olham
os livros que não consegui ler empilhados
e bananas apodrecendo na fruteira
ontem dormi em outra cama
e ouvi : amor, quer café ou suco?
hoje ouço os carros e as pessoas indo pro trabalho
e sei que breve estarei lá misturada nas ruas e nas pessoas
as notícias das crianças do haiti e as enchentes
as atrocidades sem medida e as tragédias
os deuses devem estar dormindo há séculos
esse sol me atordoa quero a noite
e a brisa que soprava do mar