sábado, janeiro 28, 2012

eles já estão aqui

 
os maias talvez não estivessem enganados
os anjos negros tocam trombetas
e são milhares os cavaleiros do apocalipse
as nuvens são de gafanhotos e de sangue
o tempo infortúnio de quem  padece

em um mesmo mês tornozelo quebrado
segredos fortes revelados
choro dor assombro amor e ódio
um primo que morre em vida
outro que morre de verdade

assim caminha 2012
os cavaleiros assombram em toda parte
mas o que mais me dói
é o que está perto de mim

hoje daria tudo para esquecer
(hoje morreu zé carlos, um primo querido)

sexta-feira, janeiro 20, 2012

anjos também se distraem



 arte: ricardo ferrari

do céu ao  inferno
dois estalos um cheiro de quase morte
o tornozelo aberto para a chuva
a dor impossível
estranha e quente
a rua vazia a solidão inevitável
um segundo a vida muda tudo muda
em segundos a fragilidade exposta
os cães às vezes  uivam de dia

viagem cerveja banheiro andar
 o cotidiano inalcançável
demônios soltos
a vontade louca de voltar e mudar o destino 
  
cama livros música amigos família
redescobrir o sentido da vida 
  olhar a lua 
esperar o dia amanhecer
  poder dormir e  sonhar de novo

acreditar em anjos
e saber que às vezes eles também se distraem


 "A dor é estranha. Um gato matando um passarinho, um acidente de carro, um incêndio... A dor chega, BANG, e aí está ela, instalada em você. É real. Aos olhos dos outros, parece que você está de bobeira. Um idiota, de repente. Não há cura pra dor, a menos que você conheça alguém capaz de entender seus sentimentos e saiba como ajudar."

Charles Bukowski



domingo, janeiro 15, 2012

viagem que não foi

Pois é, um dia antes de viajar, quebrei o tornozelo. Operaram meu pé, colocaram vários pinos. Tô  na casa da mamãe, a família que tá cuidando de mim. Isso é muito bom. Poder contar com meus irmãos. Chorei muito de dor e de desespero, mas agora o jeito é me conformar. Tem os amigos, os livros, os filmes, o computador, o amor e o carinho de muita gente. Não posso voltar pra casa, lá tem três lances de escada.Tenho de ficar pelo menos dois meses sem colocar o pé no chão. Dói demais. É muita limitação pras coisas mais simples. O jeito é ter paciência. Tô tomando muito remédio pra dor, antibióticos, antiinflamtório, uma porrada de coisa. Ando meio grogue, meio triste. Ando meio perdida de tudo, de mim. Mas acho que vou conseguir superar mais essa. É isso.