arte: rafael godoy
estamos atrasados, meu amor
o rio já correu
o sol já se foi
e o dia ainda não foi embora
perdemos a noite escura
mais negra que os olhos do diabo
perdemos a hora de dançar com as árvores
com seus galhos como as mãos da morte
o vento está morno e fraco
as flores não têm cheiro
perdemos o trem
que atravessa a cidade
não vamos a lugar nenhum
o tempo já passou
ficamos aqui de mãos dadas
como duas crianças perdidas
as ruas são longas
e estreitas as esquinas
estamos atrasados, meu amor
o mundo esmaga os nossos sonhos
lentamente, irreversivelmente
o rio já correu
o sol já se foi
e o dia ainda não foi embora
perdemos a noite escura
mais negra que os olhos do diabo
perdemos a hora de dançar com as árvores
com seus galhos como as mãos da morte
o vento está morno e fraco
as flores não têm cheiro
perdemos o trem
que atravessa a cidade
não vamos a lugar nenhum
o tempo já passou
ficamos aqui de mãos dadas
como duas crianças perdidas
as ruas são longas
e estreitas as esquinas
estamos atrasados, meu amor
o mundo esmaga os nossos sonhos
lentamente, irreversivelmente
8 comentários:
[perdidos do mundo
mas salvos pelo calor da palma da mão,
rascunho maior para quelquer que seja
o dia novo.]
um imenso abraço, Adriana
Lb
eu dialogaria com este poema:
Soneto da perdida esperança
Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.
Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa
com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.
Carlos Drummond de Andrade
beijo
LeonardoB., bisous!
Assis, aí pegou pesado! Quem sou eu? Mas, confesso, adorei esse diálogo com CDA! Beijo
"tempus fugit"
boa exploração dos recursos psi
mais um texto de qualidade inquestionável - ler é necessário - pensar é essencial - sentir é tudo
Bardo, gosto quando vem passear por aqui e dá o seu pitaco! Um honra sempre! Beijo
Adriana,
você começa seu poema com duas imagens maravilhosas: "o rio já correu e o dia já se foi" não estamos mais atrasados, não; estamos perdidos mesmo! a sua poética é tão bela quanto ferina que faz pensar sim, mas encanta muito mais!
Como é bom visitar o seu blogue. Parabéns!
Um abraço.
Mauro, obrigada pela visita e palavras. Abraço
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