domingo, agosto 14, 2011

sua presença

a meu pai

quando ele se foi deixou sua presença invisível

uma máquina de escrever
um relógio que sempre marcava a mesma hora
uma lata de rapé pequena, palavras cruzadas
um livro de camões que sabia de cor
e o tapete queimado de cigarro

quando entrei no quarto
o seu cheiro
o som de seu riso e de sua sabedoria
o abraço no ar que até hoje busco

quando ele se foi
tinha um bem-te-vi na janela
e hoje também tem um
me pego com o coração pequeno
e sinto meu velho pai me abençoando

(republicado)

15 comentários:

Hercília Fernandes disse...

Belíssimo poema, Adriana Godoy.

Há autores que mesmo externalizando sentimentos doloridos e intensos, como a perda de alguém que muito se ama, conseguem conferir enorme beleza às paisagens descritas.

Você é uma dessas raras poetas que transforma as dores e perdas em matéria de poesia com leveza e simultaneamente profundidade estética.

Em sua presença, leio vida.

Um abraço afetuoso, minha amiga.
H.F.

Adriana Godoy disse...

Oi, HF. Suas palavras me comovem. Gosto de sua presença por aqui. Obrigada mesmo. Beijo

Luciano Fraga disse...

Adriana querida, belo, belo! Senti saudades do meu também.Beijo.

Wania disse...

Dri

Benção de Pai é pra sempre!


Linda e tocante poesia.
Bjs

danilo disse...

Adriana,
Seu poema me traz lembrancas, que,curioso,se parecen...meu pai quando vivo sdorava. Bentevis...qdo ele morreu,ha treze anos, mo seu enterro houve uma reviada e cantoria de bentevis no cemitero na hora do enterro...jamais o esqueci,jamais o esquecerei...eu e ele temos a mesma alma de desprendimento e de amor aa poesia...
Seu poema me emocionou
Abracios
Danilo

danilo disse...

Adriana,
Seu poema me traz lembrancas, que,curioso,se parecen...meu pai quando vivo sdorava. Bentevis...qdo ele morreu,ha treze anos, mo seu enterro houve uma reviada e cantoria de bentevis no cemitero na hora do enterro...jamais o esqueci,jamais o esquecerei...eu e ele temos a mesma alma de desprendimento e de amor aa poesia...
Seu poema me emocionou
Abracios
Danilo

Unknown disse...

DRI!

A gente sente tanto! Mas o que mais sinto é o fato dele ter me deixado sozinha, sabendo que sou boba.

Este amor que você passa pata o passarinho, me comoveu,

Beijos, poeta!

Mirze

Luciano disse...

Emocionante em toda a sua simplicidade de imagens familiares.
Adorei.

Batom e poesias disse...

Conheço bem essa sensação.

Um poema singelo que diz tudo das perdas e das saudades...

bj
Rossana

byTONHO disse...



"Revês um BEM que te viu!"

a.PAI.xonei!

be:)o!

Andrea disse...

Ah, Dri, eles sempre farão falta, porque marcaram tanto, cada um a seu modo não é mesmo? Como passarinho, como árvore, cada árvore que vejo até hoje me recorda o Bily, querendo que eu soubesse qual era cada uma, vê se eu soube, sei ou saberei????Mas, como árvore, pássaro ou tudo junto, eles nos legaram dimensões imensas, não é mesmo?
bjos menina, te prometo não bater nos seus filhinhos...se é que você me entende, rssss

Adriana Godoy disse...

Pessoal, agradeço de coração os comentários. A alma fica mais leve. As palavras de cada um de vcs fazem sentido e comovem.

Valeu demais!

Beijo

Daniela Delias disse...

Muito lindo, Adriana, muito lindo...
Um beijão,
Dani

BAR DO BARDO disse...

é
essa percepção
que faz de vc uma poeta
diferente - e boa

José Carlos Brandão disse...

eu já li esse poema
ou é um daqueles poemas
que de tão bons
são familiares desde sempre.