Nenhum segundo a mais
espero
para explodir
os dias que estão em mim.
quarta-feira, dezembro 31, 2008
sábado, dezembro 27, 2008
não quero nem ver
Não quero nem ver a hora em que ele chegar
e perceber que os objetos de que mais gostava
estão amontoados no canto da sala
que os seus cedês preferidos
estão empilhados sem ordem
e seus livros adormecem numa caixa de papelão sem cor
que os seus quadros tristes
estão encostados na parede
como se esperassem alguém para os reanimar
Não quero nem ver quando ele perguntar
de suas camisetas desbotadas
que usava para ficar em casa nas horas de folga
e se deitar na cama comigo
que meus lençõis estão com outro cheiro
o travesseiro tem outra forma
e na geladeira outra marca de cerveja
Não quero nem ver quando ele perguntar do nosso gato
e souber que está aninhado em outro colo
Não quero nem ver quando ele descobrir
que os meus olhos brilham mais
e que minha boca tem um outro sorriso
e perceber que os objetos de que mais gostava
estão amontoados no canto da sala
que os seus cedês preferidos
estão empilhados sem ordem
e seus livros adormecem numa caixa de papelão sem cor
que os seus quadros tristes
estão encostados na parede
como se esperassem alguém para os reanimar
Não quero nem ver quando ele perguntar
de suas camisetas desbotadas
que usava para ficar em casa nas horas de folga
e se deitar na cama comigo
que meus lençõis estão com outro cheiro
o travesseiro tem outra forma
e na geladeira outra marca de cerveja
Não quero nem ver quando ele perguntar do nosso gato
e souber que está aninhado em outro colo
Não quero nem ver quando ele descobrir
que os meus olhos brilham mais
e que minha boca tem um outro sorriso
segunda-feira, dezembro 22, 2008
véspera
de noite veio um bêbado
cantando no meio da rua escura e chuvosa
trombou numa árvore enfeitada de luzes de natal
e ficou olhando aquela coisa iluminada
sentado na calçada com a garrafa em suas mãos
pensou que tivesse em outro país
começou a cantar em inglês uma velha melodia
viu neve onde havia chuva fina
e um cão perdido de rua era sua rena
adormeceu sorrindo
e de manhã já era natal
terça-feira, dezembro 16, 2008
A chuva entrou
A chuva veio e não fechei as janelas
as ruas estão alagadas e as pessoas cinzas
há alguns guarda-chuvas esquecidos
ninguém procura por eles
A água entrou e molhou meu livro de cabeceira
as páginas ficaram enrugadas
como o rosto da velha que toma chá
com os retratos amarelados em sua sala
A chuva molhou um guardanapo de papel
em que tinha escrito um poema
sobre o dia em que você se foi
esse dia era azul com cheiro de jasmim
Olhei a chuva entrando e não fechei as janelas
deixei que ela molhasse meu rosto e meus cabelos
os guarda-chuvas ali esquecidos
e os panos de chão pendurados no varal
as ruas estão alagadas e as pessoas cinzas
há alguns guarda-chuvas esquecidos
ninguém procura por eles
A água entrou e molhou meu livro de cabeceira
as páginas ficaram enrugadas
como o rosto da velha que toma chá
com os retratos amarelados em sua sala
A chuva molhou um guardanapo de papel
em que tinha escrito um poema
sobre o dia em que você se foi
esse dia era azul com cheiro de jasmim
Olhei a chuva entrando e não fechei as janelas
deixei que ela molhasse meu rosto e meus cabelos
os guarda-chuvas ali esquecidos
e os panos de chão pendurados no varal
sexta-feira, dezembro 12, 2008
Epifania
Disseram que eu não tinha nada a dizer naquela noite
Disseram que era melhor eu me calar
E me deitar fechar as janelas
E esquecer tudo no sonho
Mas eu vi e ouvi coisas que só os anjos ouvem
Naquela noite deslizei sobre as cabeças
E pude entender cada um que estava ali
Percebi quem eram aquelas pessoas
Conheci seus jogos e as cartas que tinham
Ouvi coisas que não falaram
E músicas que não cantaram
Sonhei seus sonhos abissais
Olharam para mim e viram olhos assustados
Assustados ficaram com meus olhos
Disseram para eu me calar
Mas eu não falava
Meus olhos diziam o que eles eram
Disseram que era melhor eu me calar
Fechar as jenelas e esquecer tudo no sonho
Mas meus olhos não dormiam
Disseram que era melhor eu me calar
E me deitar fechar as janelas
E esquecer tudo no sonho
Mas eu vi e ouvi coisas que só os anjos ouvem
Naquela noite deslizei sobre as cabeças
E pude entender cada um que estava ali
Percebi quem eram aquelas pessoas
Conheci seus jogos e as cartas que tinham
Ouvi coisas que não falaram
E músicas que não cantaram
Sonhei seus sonhos abissais
Olharam para mim e viram olhos assustados
Assustados ficaram com meus olhos
Disseram para eu me calar
Mas eu não falava
Meus olhos diziam o que eles eram
Disseram que era melhor eu me calar
Fechar as jenelas e esquecer tudo no sonho
Mas meus olhos não dormiam
Assinar:
Postagens (Atom)