arte/ rafael godoy
visto de cinza a cidade
as ruas têm prédios demais
e eles não se cansam de criar outros a cada dia
as britadeiras rodam na minha cabeça
escondem as sirenes e buzinas
os gritos dos gatos o canto dos bêbados
as construções apagam a lua espantam o vento
silenciam os poetas
as montanhas são dilaceradas dinamite e cimento
a cidade que era minha
vai embora de mim
espalha pó nos cabelos embaça meus olhos
e deixa um gosto estranho na saliva
a cidade é outra
eu sou outra
mas ainda posso ver através da fumaça do cigarro
um sol pálido
que começa a nascer
que começa a nascer
30 comentários:
Adri,
toda vez que eu entro aqui, saio melhor do que quando entrei. Fodástico.
Bom fim de semana.
Bj
Tô ouvindo Bad as me, o novo do Tom Waits - o que casou perfeitamnete bem com o poema. Massa.
Outro beijo - rs
Nossos olhos, e todos os sentidos, se vestem de cinza e a neblina encobre/engole a cidade que nos habita.
Oferecer lugar a uma outra, aquela que nossos olhos ainda teimam em não enxergar.
Um beijo, Godoy.
Mais um belo poema. Levo-o ao Face.
é assim estrangeira a terra que habitamos, mas os astros ainda luzem no orbe
beijo
Corrigindo: "Oferece lugar"...
Godoy, nem pedi licença... já levei o seu poema belorizontino a outros não-lugares.
Um beijo.
Buenas, gostei da trilha sonora, aliás, adorei. Valeu demais! Beijo
Marcos, foi realmente acidental a prosopopeia, talvez coubesse melhor a ambiguidade. Beijo
" mas os astros ainda luzem no orbe"
é isso, Assis, valeu a presença. beijo
Hf, sua voz sempre marcante. Bom que tenha gostado. Beijos
Adriana, os seus versos são marcantes. Eles encantam a alma em sua maneira dócil e voraz.
Num pálido sol que nasce entre a fumaça do cigarro, avista-se gotas de saudade num nascer de sentimentos e vontades acumuladas...
Lindo e lindo!
Beijos
Suzana, lindo seu comentário. Valeu muito. Beijo
↓
Lembrei do desenho UP (Altas Aventuras)...
uma casa voando, levada por balões é a "salva...SÃ"!
:o)
Se é sua, Godoy, A cidade tem que mudar mesmo.
Sua genialidade nunca é a mesma.
Lindo poema ou: Mais um!
Beijos
Mirze
Tonho, "também quero viajar nesse balão"... bom vc aqui. beijo
Mirze, seu comentário acalma. Seja Sempre bem-vinda aqui. Grata. Beijo
Parabéns pela esperança que vive e persiste aqui, para além das tragédias e mais.
Beijo!
Parabéns pela observação e sutileza quando diz no seu poema que "as construções apagam a lua e espantam o vento silenciam os poetas, mas a sua verve poética continua afiada e voraz, ainda não foi embora. Nem vai você é uma fênix. Parabéns!
Bardito, sempre há uma esperança.
Valeu! Beijo.
Nauro, sempre bem-vinda a sua presença. Obrigada pelas palvras tão estimulantes. Beijos
As coisas mudam, se multiplicam, nós mesmos mudamos com elas.
Abraço, Adriana.
Dade, valeu a presença! Sim, as coisas mudam e tentamos mudar com elas. Bj
Querida poeta, não sei se tomo este poema como um forte retrato ou como um filme real. Saudade " dos galos , noites e quintais..." noites do interior, beijo.
Adri, xará,
o sol é outro, por isso nos enfumaçamos e viramos cinzas.
...dança a memória
da paisagem
dança a memória
da imagem
dança a imagem
da memória
dança a imagem
na memória...
bj
Luciano, o negócio fica difícil a cada dia mesmo. Bonito seu comentário. Beijo
Karnal, os tempos são outros mesmo, talvez eu seja nostálgica demais! Brigada. Beijo
~Guru, Por que nâo fazer disso uma canção? Beijo
Bela arte fogo e poema desassossego.
bjos e abraços!
Valeu, Felipe! Bom vc por aqui. Beijo
Adorei o poema mas não entendi o que vc quer dizer
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