choro por você, ginsberg
e por todos os malditos que povoaram o mundo
seu uivo ainda é ouvido
e faz sangrar os ouvidos dos insensíveis
as américas clamam por poetas
que fazem rolar as pedras
mas há um abismo profundo tão profundo
os homens não sabem mais enxergar
têm medo das próprias almas
"se deixaram foder no rabo"
por dinheiro, poder e religião
e jogam aos cães as tripas de que se serviram
ensandecem a cada dia e continuam levando soldados
para morrerem por uma pátria que nunca existiu
não há mais volta, ginsberg
o mar invadiu as cidades
há o veneno invisível
que contamina o oriente
e deixa seu rastro pelo resto do planeta
a poesia se faz quase muda
os poetas querem uivar
mas a fumaça negra é maior
os poentes são de sangue poeira
o diabo anda solto e dança
sobre os mortos com suas mãos de sombras
choro por você, ginsberg
por todos os poetas
por todos desgraçados
pelos anjos perdidos sem asas
pelos solitários pelos bêbados
pelas putas pelos profetas
por mim
17 comentários:
A construção, intercalada em nada, aumentou a profundidade do (seu)abismo poético. Muito bom. Abraços, Pedro.
Pois é, tinha sido defeito do editor de texto. Espero que goste com o vazio preenchido. Abraço
Que (não) se tampem os versos
e clamem os ouvidos!
Forte, forte sua voz de hoje.
Gostei muito, Adriana.
Meu beijo
Oi Adriana,
sintonia plena entre a arte em tela e o poema. Versos fortes, incisivos, marcantes e que retratam bem a realidade atual do mundo apocalíptico em que vivemos... Bj.
Sintonia perfeita de palavras. Musicalizou tudo aqui
Beijos
porradão, como um pedra rolando
beijo
DRI!
Maravilhoso poema onde vi os poetas rolarem junto ao seu grito.
Choro junto com você e ginsberg.
Beijos
Mirze
É de perder o fôlego de tão real e atual. Parabéns Adriana!
Dri
E nós, vamos sobrevivendo ao caos!
Pego a poesia como bandeira e peço paz!
Versos pungentes!
Bjs
Adriana querida, bateu no ponto fraco de todos nós, via Ginsberg a ferida é então reaberta com mais chama e vigor, ele diria: "uma imagem permanece no final com miríades de olhos na Eternidade. Esta é a obra! Este é o saber! Este é o fim do homem!" Grandioso poema,beijo querida.
É difícil chorar a dor do mundo... então a gente escreve.
Perfeito!
Beijo, flor.
↓
Maldito... bem dito!
"O final será transmitido
na TV a cabo Pay-per-view!"
É pagar pra VER!
:(
...é o cão
chupando manga
atrás da moita
com o ventilador
na mão dizendo: vem!
mas eu não vou
prefiro me foder!
bj
Por nós!
Um poema que diz tudo, num uivo, ressoando uma nostalgia beat. Belo, Adriana, simplesmente.
Adorei esses versos:
"os homens não sabem mais enxergar
têm medo das próprias almas
'se deixaram foder no rabo'
por dinheiro, poder e religião
e jogam aos cães as tripas de que se serviram"
Uma coincidência, estou começando a ler Uivo, novamente.
Beijos, Adriana, já estava, eu, sentido falta disso tudo aqui. Da sua voz.
Eu lia e sentia essa dor, esse choro...muito linda essa.
Li os três últimos poemas, gostei especialmente deste, mas fiquei pensando na sua mãe. Estou rezando por ela.
Beijos.
ginsberg uiva por lá
aqui nós temos adriana
g
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