atrás do fogão fantasmas
nos quartos de portas frias
dormem sós as velhas tias
a geladeira congela
a vida que a casa tinha
vozes quase inaudíveis
dos fantasmas na cozinha
a noite grande e tamanha
a água na bica cintila
a casa não é minha
no balanço da cadeira
o avô invoca
santos e donzelas
no canto a neta espia
a dança das escravas mortas
na janela a lua agoniza
à espera de um novo dia
20 comentários:
É... as casas nunca são nossas, mesmo. E no entanto... tá tudo dentro, falando e rasgando. De dia, tudo é mais fácil.
um beijo, Cynthia
Adriana,
Você escreve sentindo cada palavra e isso é lindo.
"a geladeira congela
a vida que a casa tinha"
Nasceu pra encantar, hein? Lindo isso!
E ó, foi só um sonho ruim, ainda bem que ele acordou.
Beijo grande, menina linda.
Rebeca
-
Casa velha.
E fria.
Meio impessoal.
Quase macabra.
Mas o poema?
Sempre bom! : )
Beijo de lira!
Não tenho nenhum comentário inteligente que possa acrescentar,
apenas gostei muito do texto.
Lindo Adriana!
Esse é totalmente no gênero noir, com fantasminhas.
Atrás do fogão fantasmas....no balanço da cadeira a invocação do avô... DEMAIS!
Ai que frio!
Beijos
Mirse
Posso mudar o comentário? Quer dizer, dizer uma coisa a mais. Essa É a foto, Adriana. Que foto que casa tão bem com o texto. Nas fotos anteriores (vi a das senhoras e a do menino no colo do avô), havia um outro tom, o tom da noite. Agora, com essa menina (essa menina que habita o coração de todo mundo, eu acho), há o tom do dia. Vamos combinas que os dois tons são igualmente importantes, né? Mas não posso deixar de dizer que quero essa menina da foto, que está dentro de mim também, mais perto de mim. Porque, sem dúvida, mágica poeta, um olhar sorridente apesar de qualquer pesar é algo valioso 'por demais'.
um beijo e obrigada por esse texto lindo e por essa linda foto.
Cynthia
Driana, obrigada pelos comentários/visitas/incentivo.
Deixei uma resposta pra você (uma história bem interessante sobre o assunto) na primeira postagem (a que fala dos olhos, etc.).
bjs.
Cynthia
Beleza de escrita.
Bjão pra vc, Adriana!
Paz.
Oi, Adriana!
O passado não existe, não é mesmo?
Lindo poema.
Bjs!
Taninha
Adoro a nostalgia das velhas casas-lembranças.
beijos
Belo, Godoy.
Poema surreal, cheio de imagens onírico-fantasmagóricas, com fecho memorialístico.
Linda essa casa. Essa casa de sonhos!
Beijos :)
H.F.
oi,adriana! a casa...que envelheceu com seus donos ...com seu passado...suas histórias...com assombrações de lembranças, na cozinha!o amanhecer...trará novidades!
muito terno ,adriana! bjo
taniamariza
Olá Adriana,
visitando-te. lendo-te. Perfeito teu poema. de qualquer forma que se lê, poesiaa, de frente pra trás, de tras para a frente.
Abraço a ti e tenha uma linda semana.
Adriana poeta,"esta casa não tem lá dentro, a casa não tem lá fora, três cadeiras de madeira e na sala a mesa ao centro, aqui os mortos são bons pois não atrapalham nada, nem procuram o lugar no escuro..." alí as estações agonizam em dores hereditárias, uma beleza de poema , forte abraço.
Gente, obrigada pelos comentários. Beijos.
Gostei muito. A vida que se repete sempre, independente do tempo e das personagens.
Beijos
tempos e espaços completamente inusitados...
você trabalha magistralmente com esses materiais - tão difíceis à mão de qualquer artífice - mesmo para uma artífice de sonhos: o seu caso, dri...
beijo!
Daniel, é isso...valeu, beijo.
Bardinho queridíssimo, o que seria de mim sem você?? beijos
...e tomara
que ela nasça
logo...
bj
Nossa, muito bonito esse! Beijos
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