sábado, fevereiro 04, 2012

muletas

 
nessas tardes intermináveis e quentes
as muletas são o céu visto da janela
a visita de pessoas queridas
o cheiro de café vindo da cozinha
 o cigarro proibido
o sorriso da mãe presa na cama
e a lição que ela dá dia a dia
com sua força e doçura

os dias e noites são quase iguais
uma calma forçada e triste
a paciência trabalhada a cada minuto
                               
                                o poema se faz sem poesia

dizem que tudo tem razão de ser
embora não creia nisso
pode ser que seja verdade

39 comentários:

Quintal de Om disse...

dias assim, entardecidos
tardes ssim, febris
me latejam as têmporas e me trazem como companhia, minha fiel cefaléia
minhha amnésia é que não me deixar, preencher-me de outras dores do mundo.

Lindo.
Meu carinho,
Sam

Rounds disse...

Pode ser - a verdade é que a gente nunca sabe sobre essas coisas.

Bj

Hercília Fernandes disse...

Drika,
não sabemos tudo, deve existir um motivo maior.

E você sabe... não sou adepta de achismos...

Mas creio: deve haver um algo mais.

Beijos e muita PAZ, sempre.
h.f.

Adriana Godoy disse...

Samara, dias entardecidos..bonito isso. Valeu! Beijo

Adriana Godoy disse...

Marcos, penso em mais coisas do que vc imagina, Beijo

Adriana Godoy disse...

Buenas, pois é, essas coisas são assim mesmo, um mistério que a gente tenta decifrar...Beijo

Adriana Godoy disse...

HF, entendo sua mensagem, Um grande abraço. Namastê.

Unknown disse...

DRI!

Como não posso, mas era o que queria, estar aí para conversarmos.

Eu acho injusto essas razões de ser e ter que padecer para adquirir paciência. Estou assim, ( não de muletas) há cinco anos. Mal saio de casa tenho que voltar.

No seu caso há uma esperança. Acredite nela. O ttempo passará.

Beijos

Mirze

Adriana Godoy disse...

Mirze, não sei o que vc tem, mas também não acho justo muita coisa. Não estou revoltada nem triste, apenas com um pouco de medo do que vai vir pela frente e esses dias que custam a passar. Perder a autonomia, depender dos outros pra mim é a pior parte. O resto a gente vai levando ...
Obrigada por seu carinho.

Beijo

Fred Caju disse...

No verso: o poema se faz sem poesia, não consegui não lembrar do grande mestre Cabral: sem perfumar sua flor,/ sem poetizar seu poema.

Adriana Godoy disse...

Fred, bonito isso. Boa sua visita. Beijo

Talita Prates disse...

o poema se faz de muletas na alma/corpo do poeta.

tua poesia me alcança, ainda que dê pé quebrado, Dri!

Um beijo, querida.
Boa sorte daí...

Tá.

Unknown disse...

a razão de ser às vezes não tem lógica, a verdade é só um olhar



beijo

Adriana Godoy disse...

Talita,

Valeu a força. Beijo

Adriana Godoy disse...

Assis,

isso de a razão de ser é mesmo sem lógica,,,

Beijo, Assis

danilo disse...

adriana,
tempo de repouso é tempo de mergulhos interiores: tudo que empilhamos, que engavetamos, que deixamos prá depois vem à tona: e traz dúvidas. e dores, além das físicas.
mas também é tempo de cr4escimento- mesmo que não creiamos nisso.

mando-lhe um poema feito prá você ler nesse seu repouso forçado:

pensava que eu era um muro
de força e de solidez
um murro
na cara do mundo
um tapa
na cara do ócio:e dizia
somos fortes, somos tantos, somos muito,
somos a obra primeira da criação:
um dia, sentimos a perda
e o quebrar de sonhos
e o fechar de portas
e o esfacelar de sonhos:
o curso do tempo, as dores,
as flores que murcham,
as rugas que pintam,
a pele que desbota
o bronzeado de anos
as tatuagens pendentes
como acessórios desfocados
e tudo nos d´´oi:
dói saber de caminhos
e descaminhos
de rumos
e desrumos
de faltas de aprumo, de atos,
de impensados gestos,
de palavras cruas
que como facas afiadas
nos cortaram e aos outros.
e a gente sente
o desmoronar de tudo
que era sólido e firme
o que era bólido vira bolor
que nos emudece, nos atordoa, nos põe nos cantos
sem cantos ou encantos possíveis:
mas apesar de tudo
lá no fundo da alma,
no coração que bate, impaciente,
no sangue que corre, quente,
nas descobertas miudinhas de cada dia
brota a força insana da poesia
que é nosso pão, nossa juventude,
nossa maturidade
nossa qualqer idade:
o alumbraamento, como epifania,
nos redime do marasmo
com a flor das revelações:
esse mundo é lindo
e urge viver.

um abraço, e melhoras já!

Danilo

Adriana Godoy disse...

Danilo, esse poema veio trazer em mim um alento inesperado.

Agradeço no mais fundo de mim.

Beijo

PS: Muito lindo, lindo demais.

byTONHO disse...



Mulet(r)as!

É a "quebra" da rotina incomodando...

:o)

Adriana Godoy disse...

Tonho, hehehehe, sempre criativo. Beijo

guru martins disse...

...sofrimento sem razão
não tem razão
é uma merda...

bj

Anônimo disse...

Olá Adriana, como vai?

Estou visitando alguns blogs e encontrei o seu! Adorei aqui e já estou seguindo.

Beijocas carinhosas da...
Fe

Adriana Godoy disse...

Guru, e põe merda nisso...Beijo

Adriana Godoy disse...

Fernanda, espero que volte mesmo. Valeu. Bj

BAR DO BARDO disse...

sou viciado em cafeína
café e o vapor dele são as minhas muletas prediletas

entendi o recado

felicidades!

Adriana Godoy disse...

Pimente, tenho certeza de que vc entendeu mesmo. Vou tomar um café agorinha. Beijo

Luciano Fraga disse...

Querida Adriana, aquela sensação de impotência, a contagem regressiva das horas, e deixar que as coisas aconteçam como as coisas acham, é tudo muito foda, difícil. Também não creio nesta onda de razão de ser, é conformismo, crucificação... força querida, beijo.

Adriana Godoy disse...

Lucino, poeta querido, vejo minha mãe dia a dia na cama sem falar, com alimentação direta no estômago, sem poder se levantar. Vai fazer um ano e ela mostra tanta força e amor com seus gestos, seu olhar, com o carinho que ela nos faz com as mãos que procuro me inspirar nela para não desanimar. Mas realmente é foda a gente se conformar com certas situações, não falo de mim, mas de todos de uma forma geral. Se há alguma razão nisso, deve estar bem escondida no mais profundo de nós. beijo

Suzana Martins disse...

Minha querida Adriana, como estava com saudades de vir aqui e repousar em suas doces palavras que tanto que deliciam. Senti saudades de ler e absorver as suas linhas que reflete na alma.

E agora estou de volta para apreciar esse delicioso entardecer de versos que são tecidos aqui.

Beijos Flor

Adriana Godoy disse...

Suzana, bom, muito bom ler seu comentário. Faz bem à alma, faz bem ao ego. Valeu demais. Beijo

dade amorim disse...

Talvez seja verdade, sim. E o poema é lindo, muita a poesia.
Abraço grande.

Adriana Godoy disse...

Dade, sua visita é uma honra. Pode ser, quem sabe? Beijo

A.S. disse...

Adriana!

Tinha saudade da tua VOZ!...


Beijos,
AL

Adriana Godoy disse...

AS, sempre um prazer sua visita. Beijo

Paulo Vitor Cruz, ele mesmo disse...

q blog mais massa... q melhor ainda o poema..

bitoquinha, chica que n para de fumar.

ALUISIO CAVALCANTE JR disse...

Olá.

O poema se faz sem poesia,
mas a poesia só
se faz com vida...

Palavras tristes,
mas inundadas de vida...

L. Rafael Nolli disse...

Adriana, é culpa dessas tardes intermináveis e quentes, com certeza. Parece que nada tem sentido. E talvez não tenha mesmo..Quem sabe?
Abraços!

Adriana Godoy disse...

Paulo Vítor, continuo com o cigarro, só que bem menos que o normal. Volte mais. Bj

Adriana Godoy disse...

Aluisio, sim, com certeza. Valeu. bj

Adriana Godoy disse...

Nolli, e que tardes! Pois é, será que nada mesmo faz sentido? Bj