quando ele se foi deixou sua presença invisível
uma máquina de escrever
um relógio que sempre marcava a mesma hora
uma lata de rapé pequena, palavras cruzadas
um livro de camões que sabia de cor
e o tapete queimado de cigarro
uma máquina de escrever
um relógio que sempre marcava a mesma hora
uma lata de rapé pequena, palavras cruzadas
um livro de camões que sabia de cor
e o tapete queimado de cigarro
quando entrei no quarto
o seu cheiro
o som de seu riso e de sua sabedoria
o abraço no ar que até hoje busco
quando ele se foi
tinha um bem-te-vi na janela
e hoje também tem um
me pego com o coração pequeno
e sinto meu velho pai me abençoando
o som de seu riso e de sua sabedoria
o abraço no ar que até hoje busco
quando ele se foi
tinha um bem-te-vi na janela
e hoje também tem um
me pego com o coração pequeno
e sinto meu velho pai me abençoando
58 comentários:
Dri Godoy,
Gostei de vc trazer claridade para o blog. O bem-te-vi até pousou na janela.
:)
Belo poema-memorial.
Um beijo.
[é difícil entender, recebendo em letra, toda essa entrega, tua emoção da cor do tijolo que se constrói, cá dentro, cá fora]
um incondicional e
imenso abraço, Adriana
Leonardo B.
[sinto que falta, deixar uma emoção mais, que não consigo remexer, dentro... raio da palavra, insuficiente!]
abraçimenso
L.B.
Marcelo, que bom vc ter gostado do claro e do bem-te-vi. Beijo.
Leonardo, assim vc me emociona...beijo.
Lindo, lindo! Sem palavras...
Beijo terno.
Lara, se é vc quem diz, tá tudo certo. Bj
Adriana,
O bem-te-vi olha nos teus olhos, sente a tua emoção e parte com o trinar mais alegre...
Um beijo meu
AL
A.S., gostei de sua sensibilidade. bj
Dri
Ele sempre bem-te viu e ainda bem-te vê!
Muito bonita tua poesia!
Bjs.
Wania, valeu! Bj
Esses velhos pais...que saudade e falta eles nos deixaram, não é mesmo?
Beijos
sua primelha
É mesmo, Andrea...muita saudade. Beijo.
DRI!
Amei seu layout. Clean e belo!
Nossa a presença do pai, é mesmo assustadora. Bem vinda, mas bate aquela dor no peito.
Lindo DRT!
Beijos
Mirze
Oi, Mirse, obrigada pelo carinho de sempre. Sim, sempre bate aquela dor. Bj
Tem horas e momentos simbólicos na vida de cada um de nós! e o registro deste pode ser aguçado aos mínimos detalhes. Dói, eu sei, mas a lembrança infelizmente é eterna. Um bj carinhoso moça e obrigado!
Rod, gosto muito quando marca a sua presença. Valeu, moço! beijo.
"A tua presença
entra pelos sete
buracos da minha
cabeça".
Faz tempo que não ouço essa voz,
emocionante.
...então
seu coração
se abre...
e eu tbj
Por que...adoro essa música. Beijo.
Casa, que bom que apareceu! Beijão.
Guru, então, tá combinado. Beijo.
Uhm, gostei d+
a gente nasce
precisa
brinca
ignora
reparte
doa
e volta a nascer
precisa brincar
ignora mas reparte
doa até o que não pode
e volta a nascer
precisa brincar e reconhece
reparte tudo que tem e se vai
e volta a nascer
reconhece que brinca porque precisa
repartir o que tem e tudo
porque sempre algum dia volta
Assim, retornar sempre é preciso
viver é sempre apenas uma parte
inseparável do pai
Devir, seu comentário sempre é alguma coisa à parte, que faz pensar. Gosto muito quando deixa esses comentários em meu blog. Valeu mesmo. Beijo.
Adriana, querida, só agora vi seu texto. EStou sem palavras. Mas posso deixar uma palavra de elogio ao seu texto belíssimo e um abraço de solidariedade pela dor em sua saudade.
Com certeza, com certeza mesmo, ele está abençoando você.
um beijo,
adriana,
esse seu poema tocou, mais do que muitos outros, meu coração...sabe, lembrei-me também do meu pai- ele que se foi já há 12 anos, nunca me saiu do coração- também gostava de rapé, gostava dos bentevis(que, incrivelmente, apareceram no seu entero, em revoada, cantando na hora do sepultamento- ujma coisa incrivel e inexplicavel). Meun pai me deixou muita, muita saudade- ele também gostava de esadcrever versos-e compor músicas- à sua maneira, com simplicidade e beleza, sem nunca ter pasado por escolas sofistiicadas-
seu poema é de uma levez, de uma saudade doída, mas de uma pessoa feliz- que viveu e aprendeu com o pai o que teinha que ser vivido-
olha um p0ema que fiz em homenagem ao meu pai:
Meu pai foi plenilunio
cometa foi
de brilho intenso e raro.
Páro, hoje,
a relembrar
seu tempo
e as nuances lúdicas
do seu estar no mundo.
Meu pai foi nascedouro
e foz
fez
de águas nunca represadas
estuário de emoções
e sentimentos.
Foi palavra, foi canto,
foi música do vento
foi poesia, voando
no tempo.
Trazia
encantos de luar
em asas de borboletas
e cantos de passarins.
Meu pai foi verso,
foi verbo,
foi verbena e rosa
um ser de estirpe impar
desses que habitam este
e os outros mundos.
Foi. É.
Meu pai será
para sempre
presença tangivel
nas águas do meu rio
que se desloca,
em círculos concêntricos
buscando repetir
a sua imensidão..
in memorian do meu pai, no 11º aniversário de seu falecimento.
Abração, poeta
Danilo
Tem pessoas que passam em nossa vida que deveriam se dizer assim: "Eu sou presença". Poema lindo!
olá Adriana,
Aqui aonde moro..no campo,todo canto que vou,eu os vejo por toda parte..é um bom sinal em?? e o canto deles entâo...EU TE VI..(RSRS).
Adorei muito seu poema..'LINDO'
abçs
Ana Lgo.
Danilo, que preciosidade seu poema...muito lindo!O meu fica até encolhidinho. Valeu. Bj
Lisa, apareça mais. Valeu sua presença. Bj
Ana, que bom vc poder compartilhar os bem-te-vis ao ar livre. Valeu, volte sempre. beijo.
Adriana, saudade e as lembranças vivas e ao mesmo tempo o seu poema trás as asas de um pássaro, simbolizando a liberdade de quem não se apega à tristeza da perda e enxerga com carinho, quem nos deixou,emocionantemente belo, beijo poeta.
Nostalgia gostosa em versos poéticos Adriana... Bj com carinho.
Saudades que dói e lembranças que alentam.
Caiu uma lágrimazinha...
Lindo.
bj
Rossana
Lindo poema Drika!
e o que fazer quando a saudade se encontra numa lata de rape pequena? Eu com ceteza cheirava! (rs)
Adorei o novo layout do blog... as cores dizem muito das pessoas . E como se a tua voz estivesse pronta para saltar!
beijos , Anita.
Luciano, lindas palavras. Emocionam. Beijo.
Cynthia, obrigada pelo carinho de sempre. Bj
Úrsula, e põe nostalgia nisso. Bj
Rossana, ainda bem que te emocionou de aguma forma. Beijo.
Anita, não sei até quando ficará claro meu blog, mas o momento é esse. Valeram suas palavras. Beijo.
nostálgico, mas sem sofrimento.
o bem-te-vi trouxe leveza.
bj
Muito bom, Adriana. Senti a presença do meu pai, na presença tão forte do seu pai. Ele marca a gente, quase como se pudéssemos tocá-lo, como se estivesse - não está? - ao nosso lado.
Beijos.
Buenas, gostei de sua percepção. Beijo.
JC, a ideia é essa mesma! Acho que sempre posso sentir a presença dele. Que bom que gostou. Beijo.
Querida Adriana, estava devendo uma visita pra você. Uma tarde inspiradora eu tive aqui hoje.
Gosto muito de você e seus escritos.
Grande abraço!
Lindíssimo!
Há ausências
tão presentes...
Beijo,
doce de lira
Ígor, fico feliz com sua presença. Volte mais. Beijo.
Renata, obrigada por seu comentário tão sensível. Beijo.
Lindo poema in oração, Adriana.
Emociona!
Beijos com carinho,
H.F.
Agradou-me por demais.
Elegia...
apud Gerana Damulakis
AUSÊNCIA: Todo episódio de linguagem que põe em cena a ausência do objeto amado - quaisquer que sejam a causa e a duração - e tende a transformar essa ausência em prova de abandono.
Roland Barthes in Fragmentos de um discurso amoroso (Francisco Alves Editora, 1991).
"Sinto sua ausência hoje e enquanto viver sentirei, porque você é sinônimo de amor, do meu amor maior. Hoje você faria aniversário. Faria, não faz mais. Dentro de mim, todavia, você existe com todo potencial de amor que sempre despertou. Como uma criança aprende o que é o amor? Eu aprendi cedo com cada troca de olhar, com minhas latas de pêssego trazidas logo numa caixa grande repleta, para que a criança que gostava de pêssegos não deixasse de tê-los momento algum. Prestar atenção à satisfação do outro, olhar para ela falando com as meninas dos olhos (eu era sua menina dos olhos, você disse), e isso tudo é amor, o primeiro e o único que atravessa a vida sem altos e baixos. Firme e forte na presença e na ausência de hoje, um 22 de maio sem você, meu pai."
HF, obrigada pela leitura carinhosa. Beijo.
Bardo, muito me encantam seus comentários tão consistentes e poéticos. Barthes(Fragmentos do Discurso Amoroso) já foi meu livro de cabeceira durante um bom tempo. Estava sentindo falta dele e de você, Pimenta. Foi bom reencontrá-los.. Beijão.
Bardo, não conhecia Gerana Damulakis, vou tentar conhecer melhor o seu trabalho. Parece muito bom. Assim que tiver tempo!
Lindo... sem palavras.
Valeu, grande pássaro! Beijo.
Ai!como dói.
Carinho,
Cris
Que lindeza... cheia de imagens doces e lembranças com cheiros e texturas. É incrível como a saudade nos acerta em cheio nos sentidos, né?
Lindo, lindo.
Beijoca
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