segunda-feira, novembro 30, 2009
dessas noites em que estava lavando pratos
o detergente faz espuma na pia
os pratos ficando limpos no escorredor
os pensamentos sujos quero um cigarro
uma música um blues o céu escuro
meus gatos escondidos em silêncio
duas taças de vinho quase cheias
os pés no chão e pálidos
uma janela uma luz acesa do outro lado
as garrafas de vinho abertas e vazias
leio os rótulos e penso num poema
um inseto esquisito vindo de outro lugar
voa em torno das garrafas vai até a luz e volta
o tempo não tem pressa meus olhos o seguem
os pratos vão ficando limpos
as panelas ficam pra depois
pego uma taça e dou um gole
acompanho o blues num inglês ruim
o inseto se vai e bebo mais
olho a noite escura os pratos brancos
alguém me espera no sofá
estranho pensar no abandono de toda ambição
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40 comentários:
Com pratos sujos, detergente, ajax ou vinho, teu texto como sempre divino!
Beijos
Estercita
Es un placer visitar tu espacio.
Hermoso poema.
Un beso..
Un abrazo
Saludos fraternos..
Que tengas una semana excelente..
quase tudo igual por aqui, exceto esta parte "alguém me espera no sofá". que pena. sim, minha filha costuma, nessas horas (e quase todas outras), estar agarrada às minhas pernas.. rsrs..
gosto desse poema que grita espalhando a rotina. do blues, dos gatos, do vinho. eu gosto da sua poesia, querida.
um beijo.
quase tudo igual por aqui, exceto esta parte "alguém me espera no sofá". que pena. sim, minha filha costuma, nessas horas (e quase todas outras), estar agarrada às minhas pernas.. rsrs..
gosto desse poema que grita espalhando a rotina. do blues, dos gatos, do vinho. eu gosto da sua poesia, querida.
um beijo.
ave, adriana!
um beijo.
romério
Oi Adriana,
você transformou momentos corriqueiros e simples da vida num criativo e lúdico poema. Quantas vezes essas coisas acontecem de fato e tudo ao mesmo tempo : pratos por lavar, canção tocando, inseto voando... Gostei ! Bj.
Dri
Ficou lindo a tua rotina transformada em poesia!
Só aos olhos de um poeta, isso acontece. Há de se ter sensibilidade para se ver além do óbvio...
Amei!
Bjão
PS: e o Rafael te acompanha muito bem!
Gostei, Adriana.
...estranho pensar no abandono de toda ambição!
No cotidiano sem graça da vida, é preciso pensar no abandono de toda ambição.
E prosseguir - com o soco no estômago da náusea -, prosseguir.
Beijo.
Estranho é pensar nos caminhos que a vida toma.Vejo, como sabão escorrega, um deslize sorrateiro e sorridente pra perto do sofá.
Sempre um grande texto, Adriana.
Beijos.
kkkkkk! nada melhor que lavar pratos embreagada(pq pra encarar "os ditos cujos" somente um bom vinho, não é?)! e eu que pensava que só eu que fazia isso!
Amei como vc descreveu um momento que passa tão desapercebido em poesia! Toque de gênio!
"estranho pensar no abandono de toda ambição"
Ps: é estarnho mesmo!
beijokas eternas pra ti drika.
Não tenho muito ânimo para lavar louças, mas quando começo, faço uma terapia introspectiva, tipo essa sua =). Acabo relaxada no final.
Beijos, Dri querida!
Estercita, bom o seu retorno. Bj
Adolfo, a recíproca é verdadeira. bj
Nina, entendi o seu recado. Bom vc por aqui. Beijo.
Romério, ave! bj
Úrsula, é isso. Agradeço. bj
Wania, nessas horas mais esquisitas pode sempre aparecer um poema. Beijo.
JC, penso que é assim mesmo. Obrigada por suas palvras. Beijo.
Vinicius, adoro suas percepções. beijo.
Anita querida, é bom tomar vinho e ficar "viajando" na espuma e no barulho dos pratos, ouvindo um blues porreta. Sem nenhuma ambição. Adorei. beijo.
Lara, às vezes lavar louças funciona como terapia mesmo. A gente vai longe. Beijos.
e essa rotina narrada num ritmo assim, descompromissado como quem abandona toda ambição, e vive (feliz!, arrisco!).
Bjo, Adriana. :)
Talita, ótima percepção. Obrigada e bj.
Marcos, o doidão do seu pai tem razão.já a questão do cuzinho....só rindo. Valeu. Bj.
Bah, me identifiquei muito com este; assim: muito.
adorei: seco, sério,
quase se desistindo.
Adriana, acho que o melhor a dizer agora é: muito prazer. Porque conheci seu blog e pela leitura de um poema que termina com esse verso-síntese perfeita.
Beijo.
Adriana,
Simplesmente surgiu, sem que se pensasse.
Belo canto, com qualquer sotaque ou sintaxe.
Beijos,
Marcelo.
Driii!!!
Mto bom passar por aqui...é surpreendente!De quebra penetramos
nos traços de lindas pinturas e navegamos pelas águas da emoção.
Êita! trem bão é limpar o prato desde
q/o prato seja...aqueeele prato!!!
Bjooos... Tééé +++++++!
Esta frase é perfeita - Estranho pensar no abandono de toda ambição - e merece ir ao twitter... vou fazê-lo com seus créditos... bjs.
tá lá no twitter:
r_glima
"Estranho pensar no abandono de toda ambição." http://driaguida.blogspot.com/
less than 5 seconds ago desde web
Querida amiga, dificilmente queremos abrir mãos de nossas convicções, de certas verdades que nos impomos e nessa rigidez não abandonamos certos valores desprezíveis, em ritmo de blues,com uma escrita de Ginsberg, fatal, cortante, que seja lavado, beijo.
Priscila, que bom que se identificou com esse texto. Valeu! Bj
Dade, seja bem vinda! E volte sempre. Bj
Anônimo, é isso! Bjs É vc, Andrea?
Rod, não faço parte do twitter, mas se vc gostou, tá valendo. Bj
Luciano, boa sua avaliação. Acho que vc sabe o que diz. Adoro quando vem e me presenteia com suas palavras. Beijos.
Muita gente não participou, mas prestigiou bastante falando dos textos bons que leram. E isso é uma forma de participação também... então se sinta uma participante!
até mais.
Jota Cê
Adoro quando
escreve assim, Dri:
retratando uma cena
com tanta veracidade,
que chego
a me enxergar
dentro dela!
Excelente!
Beijo.
Adriana Godoy,
gosto muito do seu texto (sua poesia) faz-me lembrar da maravilhosa Cecília Meireles, você tem um quê dela e, mais, o universo poético que descrever com tanta propriedade e beleza o cotidiano sob a ótica do feminino. Enquanto você lava os pratos e observa o inseto que vai eu lavo a minha alma com os seus versos. Parabéns, menina, mulher e feminina, parabéns!
Mauro Lúcio de Paula
Jota Cê, então, tá. Bj
Renata, agradeço suas palvras precisas e carinhosas. bj
Mauro, é bom quando vem e deixa comentário, faz bem à alma, "um quê" de Cecília é muito pra mim, mas aceito o elogio. Obrigada e beijo.
Adriana
é um final ótimo pra uma noite com vinho...alguém no sofá...gosto dessas descrições de cenas, a louça, a espuma,tudo contribui pra dar o ar do poema...
Karnal, é por aí mesmo. Valeu! Bj
Muito bom, Adriana. Paisagens noturnas sensivelmente descritas; e, com o outro [e/ou outros] no outro lado da fotografia...
Belo texto poético, Godoy. Parabéns!
H.F.
Obs.: A arte do Rafael compõe um primor a mais. Imenso é o seu talento para compor paisagens humanas!
HF, feliz com sua apreciação. Agradeço pelo Rafa que nem sabe que usei o desenho dele. Depois conto a ele. Beijo.
...para com essa
bobagem e corre
pro sofá, mulher!!!!
bj
essas mulheres que temos dentro de nós são todas, todas, todas, lindas e memoráveis.
delicioso e inesperado o final.
bjs.
Guru, já fui...rs bj
Cynthia, valeumesmo. Bj
Adriana,
fiz um um convite pra você lá no meu blog (na penúltima postagem). um convite imaterial e poético.
bjs.
Cynthia
Godoy, querida, outra menção feita à você num texto sem título.
bjs,
Que poema sensacional! Só causa sensação. Melhor que ler romance.
Sensacional, estou com o Tenório nessa! Me fez pensar em Clarice, na Paixão Segundo GH.
Ps Um dia você podia era agenciar com o meu xará uma ilustração para um dos meus poemas... É muito bom de serviço esse Rafael Godoy!
Oi Adriana, passei por aqui de novo só para agradecer sua presença constante e amável em meu blog. Bj com carinho.
Adriana, querida, posso colocar o endereço do seu blog no meu blog, em relação à referência que fiz sobre sua escrita? beijos e bom domingo.
Cynthia
Excelente forma de movimentar cenas cotidianas, instigando reflexões. ;)
Beijos
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