sábado, outubro 10, 2009

na praça


no caos de minha cidade às seis da tarde não tinha mais nenhum pardal. nem que eu olhasse todos os fios, todas as eiras e beiras e procurasse no meio da praça não tinha nenhum pardal e fiquei perdida olhando para aquilo tudo. passou um cara pedindo pra engraxar meus sapatos e eu estava descalça porque fazia calor demais e a primavera tinha começado. mas ele insistiu e eu disse: hoje não dá, cara! então dei umas moedas pra ele e falei que o fim de tarde estava estranhamente belo, mesmo sem os pardais. o cara me abriu um sorriso dos mais lindos que já vi, saiu rápido e trouxe algumas latas de cerveja gelada e ficamos conversando sobre a cidade e o por do sol. os pardais foram chegando um a um e ficaram ali como se entendessem nossas palavras e como se pressentissem essa possível e intensa primavera.

PS: Tem poema meu no Balaio Porreta, aqui.

41 comentários:

Cosmunicando disse...

isso quase pede pra ser 'filmado', de tão bonito :)
solta aí uma gelada pra mim também.
beijo

José Carlos Brandão disse...

Lindo, Adriana. É um pardal e uma pardalita fazendo uma primavera, fazendo um bando de pardais, fazendo flores e cores, sabe-se lá, uma entrega à natureza. Ou simplesmente poesia. Aplausos.

Beijos.

Luciano Fraga disse...

Adriana querida,"no tempo dos pardais, de verde nos quintais..." mágico e sensível, vou engolir primaveras para vomitar girassóis, você é grande, beijo.

António Gallobar - Ensaios Poéticos disse...

Excelente texto, quase um poema que bem podia ser musicado com uns acordes de viola e um solo de violino dando alma e este belo antardecer...

Parabens Adriana
Beijinho

Anônimo disse...

De uma riqueza lírica fora do comum. Parabéns, cara!

Lou Vilela disse...

A partir de - e para - "ocê":

Vendaval

Franziu o cenho como
quem buscasse proteção
contra o tempo que aquelas
palavras prenunciavam.

O amor se inaugurava...

Lou Vilela

Anita Mendes disse...

drika, vc sabe que simplesmente amo tuas pequenas prosas!
o que começa de um sorriso de um estranho termina em cerveja? será essa a moral da prosa? (rs) amei..
é vero, drika! temos que aproveitar todos os novos momentos e perder esse medo de interagir com pessoas diferentes(uma das minhas atividades favoritas!). com novas experiencias e sorrisos que tiramos da brevidade de um desconhecido quebramos as barreiras da intimidade cheia de formalidades.
Beijos e mais beijos, Anita.

Lara Amaral disse...

Deu para ver, sentir e até apreciar essa tarde.
Beijos!

Anônimo disse...

Dri, tem horas que acho que você fala de coisas, que só você sabe falar, e aí fico meio que embevecida e embebida em suas palavras, e nessas horas não há cerva que me faça baixar a cabeça...sério! Como dessa vez, e em outras que passeio por aqui. Adoro passear pelas suas palavras!
bjs
Andrea

Úrsula Avner disse...

Oi Adriana, seu texto que talvez se possa nomear de pequena prosa poética, me sugeriu o encontro entre os contrastes , a diferença, tendo sido bem ilustrado pela imagem postada. No meio do caos urbano...os pardais. Muito bom ! Obrigada por seu carinho em meu espaço poético. Bjs.

Adriana Godoy disse...

Cosmunicando, com o maior prazer. Bj

JC, seu comentário é pura poesia. Obrigada mesmo. Beijo.

Marcos, até que podia, mas ali no meio da praça ia pegar mal demais...bj

Luciano, Você que é grande, um poeta de primeira. Amo vc. Beijo.

Gallobar, meu querido lusitano, já vi lindos entardeceres em Portugal(sem pardais). Obrigada pela visita. Bj

Pimenta, vc é o cara. Beijo.

Lou, obrigada pela sensibilidade contida nesses versos. Beijo.

Anita, gostei imensamente de seu comentário, vc foi além, além do texto, além de mim. Acertou, amiga. Beijos.

Lara, ainda bem, né? Obrigada. Bj

Prima, gosto muito quando vc vem. Sempre carinhosa e atenta. Valeu, beijão.

Úrsula, agradeço o seu comentário sensível como sempre. Bj

sopro, vento, ventania disse...

acabei de escrever sobre saudades, e vim aqui, e vi suas saudades: do que foi, do que vem. sintonias boas. bom isso de poder sentir isso, passar por aqui e poder ouvir seu belo texto. beijo e bom feriado. Cynthia

Casa disse...

Relisticamente fantástico.

Moacy Cirne disse...

Minha cara,

tem um poema seu no Balaio.

Abraços.

guru martins disse...

...essa é
uma das mais
belas, suas
que já li.
Tinha que ser
minha!!!

bj c raiva...

Adriana Godoy disse...

Cynthia, suas palvras me comovem. Beijo.

Casa, valeu! Bj

Moacyr, só posso agradecer e me sentir honrada. Bj

Guru, hahahahaha! Valeu, mestre! beijo.

Unknown disse...

A beleza da sua poesia, é inconfundível.

De hoje em diante, aonde eu estiver e enxergar um pardal (pássaro), lembrarei de você, amiga!

Chegando de BH, e entre-exames, resolvi visitar meus amigos. ÚNICOS.

Beijos

Mirse

Adriana Godoy disse...

Oi, Mirse, que boa a sua visita. Estava mesmo querendo saber notícias suas. Estamos torcendo em corrente para que vc supere essa fase difícil na sua vida. Grata surpresa. beijo.

Anônimo disse...

Adriana,

a sua sensibilidade poética é "intensa primavera", pois a sua prosa parece uma poesia em versos e rimados, não conheço ninguém igual a você, minto, você me faz lembrar as crônicas de Carlos Drummond de Andrade naquele jornal do Rio de Janeiro. Entro sempre no seu blogue para beber água limpa e cristalina. Agradeço no fundo do coração os seus no meu (comentários).
saudações,

Mauro Lúcio de Paula

Adriana Godoy disse...

Mauro, que bom você por aqui. Agradeço seu comentário e presença. Bj

Adriana Riess Karnal disse...

Adri,
Um texto primaveril, mas com toda a tua intensidade...gostei demais.A, e sua foto nova esá de arrasar, vc sempre tem algo na boca, como uma vez disseram,rs

Adriana Riess Karnal disse...

Úrsula,
Você está arrasando neste soneto!!!PArabéns amiga.

Adriana Godoy disse...

Ei, Xará...sempre gosto de ficar com alguma coisa na boca mesmo! KKKKKKKKK!!!

Obrigada pelo comentário primaveril. Beijo.


PS: Acho que vc postou pra Úrsula no meu blog. Olha isso!

Anônimo disse...

É uma bela sensação que se experimenta diante o teu poema! Gostei muito!

Quase me enche o quarto de pardais!


Um abraço!

tania não desista disse...

oi,adriana! adoro quando leio ...e o sorriso cresce e se instala satisfeito no meu rosto!...lindos pardais que vieram!..lindo,compartilhar a primavera e as cervejas...com o deconhecido de belo sorriso!
só podia ser você!
bjo
taniamariza

tania não desista disse...

perdão! desconhecido...
taniamariza

nina rizzi disse...

dri, os pardais vieram de sentir o cheiro dessa flor vermelha, do seu cabelo (caraca, topu encantada com essa imagem).

hm. sou pardal. a sentir essa delicia de primavera que é voz.

um beijo e uma flor :)

sopro, vento, ventania disse...

Godoy,
só pra te dizer que li o seu poema lá no balaio porreta, e que a leitura dessa segunda vez salpicou outras coisas em mim. poesia pura. beijo. cynthia

Adriana Godoy disse...

Blognotapreta, valeu a visita, valeu ocomentário. Volte sempre.

Tania...que beleza! Bom demais da conta que vc gostou. Beijo.


Nina..valeu, Flor! Bj


Cyntha, agradeço muito a sua atenção e carinho. Bj

Rounds disse...

poema simples, encantador e belo. digno dos grandes poetas.

bj

Adriana Godoy disse...

Bueas, sempre gosto demais de sua visita. Beijo.

Batom e poesias disse...

Surreal...
Uma tarde
um engraxate
uma cerveja
e pardal...

Queria estar junto pra pressentir a primavera.

bjs
Rossana

Cunhadão disse...

Bom demais Cunhadão, parece aqueles filmes franceses, malucos, cheio de poesia mas sem palavras, só imagens...dá pra sentir!

Rafa Godoy disse...

Rossana, lindo seu comentário, beijo.

Cunhadão, obrigada pelas palavras. Bj

Rafa Godoy disse...

Onde se lê Rafa,leia-se Adriana.

Vinícius Paes disse...

Mais um grande texto, Adriana. COm aroma e beleza de primavera. Adoro tal estação, adoro Bh, adoro suas palavras.

beijos.

Vinícius Paes disse...

Ahhhh...

Também adoro cerveja. haha

beijo.

Talita Prates disse...

De encontros inusitados
podem surgir primaveras e pardais?

Vou anotar isso...
rs

Bjo, poetisa.

Anônimo disse...

Adriana,

bacana demais. Vi direitinho os pardais chegando, meio cabreiros, querendo saber o que acontecia. Bem que você poderia ser uma cúmplice eutanástica, hein? O que acha?

Beijos, alegrias e poesias,

Buda.

Adriana Godoy disse...

Buda, é uma proposta? Mande as instruções...quem sabe é uma boa mesmo? Bom você por aqui. Bj

Marcelo Novaes disse...

Adriana,


Francisco de Assis sorriria...



Beijos,








Marcelo.