domingo, outubro 18, 2009

cenas de parede


quando uma lagartixa deslizou
nas pálidas paredes
e mostrou seu ventre transparente

quando um inseto noturno
desses que voam
entrou e mexeu suas pobres asas

percebeu o olhar parado
frio e mortal daquele ser esbranquiçado
e se debateu loucamente

por uma única vez olhou a lua
e viu nos olhos da mórbida lagartixa
o mesmo brilho

foi devorado lentamente
inexoravelmente


31 comentários:

romério rômulo disse...

adriana:
passo numa caminhada.
romério

Wania disse...

Onde alguns vêem somente uma parede, outros captam uma cena...

Para os olhos de um poeta, tudo rende!



Adriana, lucramos nós... como teus leitores!

Bj carinhoso pra ti

Lou Vilela disse...

Inexoravelmente, também somos tragados por seus versos...

Bjs

José Carlos Brandão disse...

A lagartixa na parede cinza
aguarda o pobre voo dos insetos,
pálida e fria como a eternidade,
com a língua voraz inexorável.

Muito interessante o seu poema, Adriana. Sua lagartixa me atraiu - até ensaiei um poemeto. Beijos.

Adriana Godoy disse...

Romério, uma honra sua presença aqui. Volte mais. Bj


Wânia, legal, gostei de seu comentário. Bj

Lou, obrigada por suas palavras. Beijo.

JC, que delícia de versos. Cuidado com a lagartixa,hein? Bj

Renata de Aragão Lopes disse...

Até em mim
a danada põe medo! (risos)

O Chico biólogo do Poema Dia
adoraria, certamente,
esses versos!

Um abraço atrasado
pelo dia do professor! : )

Unknown disse...

Ah! Pobrezinho do outro ser vivo e pequenino. Olhou uma única vez e a última para a lua. E a barriga fria da lagartixa, aproveitou o momento.

Fiquei com pena, mas só você, Dri para me comover com um poema.

E lindo!

Beijos

Mirse

sopro, vento, ventania disse...

Você é mágica, Adriana. Olhar atento que revê um vôo e revira a cena até dar em poesia.

bjs. Cynthia

Úrsula Avner disse...

Oi Adriana, o predador e a presa... interessante construção poética que transforma dois insetos em protagonistas ricos de uma estória versejada. Muito bom ! Bj e obrigada pelo carinho.

Lara Amaral disse...

Gostei desse fenômeno da cadeia alimentar expresso assim, tão poeticamente. Como falam, em tudo há poesia.
Beijos.

Wilson Torres Nanini disse...

Verdadeira poesia, uma metapoesia. Uma antropofagia. É aquele dilema de sempre: confluir a vivência com a sua expressão mais cara: ser imparcial diante da crueldade alheia. Abraços.

Vinícius Paes disse...

Vi uma cena parecida dia desses, o mais impressinante foi que os protagonistas não eram insentos, eram Humanos, demasiado humanos. Assim o ciclo natural da vida em sociedade (homens ou bichos, talvez homens-bichos) se consolida.

Gostei, Adriana, juro que vizualizei a cena.

Beijos.

Adriana Godoy disse...

Renata, obrigada...sempre é bom te ver por aqui. Bj

Mirse, sua sensibilidade encanta sempre. bj

Cynthia, gostei bastante de seu coemtário. Bj

Úrsula é tão bom ler seus comentários! Obrigada. Bj

Lara, também gostei de sua visita. Bj

Marcos, vc foi preciso. Bj

Wilson, interessante o seu ponto de vista. Vou pensar mais no assunto. Obrigada e beijo.

Paes, muito boa a sua percepção, muito significativa. Beijo.

pianistaboxeador21 disse...

Muito bom, pq uma lagartixa devorando um pernilongo, podesignificar bem mais que uma lagartixa devorando um pernilongo
Beijo

Hercília Fernandes disse...

Belo, Adriana.

Os olhos sensíveis da poeta construíram um lindo quadro a partir de uma cena aparentemente grotesca. Isso é arte!

Beijos :)
H.F.

Hercília Fernandes disse...

Belo, Adriana.

Os olhos sensíveis da poeta construíram um lindo quadro a partir de uma cena aparentemente grotesca. Isso é arte!

Beijos :)
H.F.

BAR DO BARDO disse...

Isso é para o bode cantar.

Anita Mendes disse...

wow!!! e metaforicamente o homem virou lagarto.
amei essa metamorfose e materialização de um moribundo em lagartixa.
só vc drika, só vc!
beijocas ...
Anita.

~*Rebeca*~ disse...

O que se vê com o razão se desmancha com a emoção.


Beijo grande, menina linda.


Rebeca


-

nina rizzi disse...

dri, que quadro surreal. eu li pra nini e ela amou. tanto quanto eu :)

Adriana Godoy disse...

Daniel, acho que pode ser mesmo. Beijo.

HF, obrigada por suas palvras tão delicadas. Bj

Bardinho, hein?


Anita, gostei de seu comentário...especialíssimo. bj

Rebeca e Jota Cê, bom vocês por aqui, sempre é muito bom. bj

Nina, que mimo! beijo.

Luciano Fraga disse...

Adriana querida, conseguiu fazer poesia com uma cena da natureza, o ciclo da cadeia alimentar, de forma brilhante,como aquela lua,como aqueles olhos...literalmente, beijo.

Felipe Costa Marques disse...

soneto lagartixiniano, pós surrealismo!?

MUITO BOM

BJOS E ABÇS

tania não desista disse...

ah! adriana! não acreditei!...no meu sítio, na serra,a cena é
" arroz de festa"!
tem paredes coloridas,lagartixas astutas ,insetos inocentes,lua charmosa e o bote ,vapt vupt, da "sentença mortal".
amenizarei as imagens,lembrando do
inspirado poema .
bjos
taniamariza

guru martins disse...

...o nome
dessa podia
ser também:
"cadeia alimentar"...

bj

Adriana Godoy disse...

Luciano, que lindo o seu comentário. Digno de um grande poeta.Bj

Felipe, gostei dos termos "lagartixiniano, pós surrealismo". Valeu. bj

Guru, boa sugestão, bom te achar por aqui. Bj

aapayés disse...

Un gusto inmenso conocer tu blog.. me ha gustado mucho. acogedor y tus versos son maravillosos, te sigo para poder leerte con mas frecuencia.


Un abrazo
Con mis Saludos fraternos...

Adriana Riess Karnal disse...

Adriana,
tive a impressão de já ter lido esse poema...de qualquer maneira ele é adorável...fazer poema com lagartixa não é pra qualquer um.

Adriana Godoy disse...

Adolfo, obrigada pelas palavras e visita. Volte sempre.


Karnal, esse poema já foi publicado em meu blog mesmo. Valeu. Beijo.

~*Rebeca*~ disse...

Adriana,

Quem sabe escrever, sabe emocionar... e você emociona sempre.

Beijo imenso, menina linda.

Rebeca

-

Marcelo Novaes disse...

Evolução das espécies
em micro-cenário.







Beijos,








Marcelo.