sexta-feira, outubro 30, 2009

sympaty for the devil

exercício para tela / rafael godoy

mais uma vez ouvi a música dos stones "sympaty for the devil" e sempre me surpreende a letra, o ritmo, a melodia. acho que foi no final da década de 60 ou início dos anos 70, não sei, que eles tocaram pela primeira vez.
de certa forma foram precisos na definição de lúcifer, hoje reencarnado na figura desses caras donos do mundo, nos assassinos ou no vizinho da frente.
andamos correndo de nós mesmos, andamos correndo do demônio que está mais em nós do que em outras pessoas, andamos nas ruas com o medo nos rondando e com medo de olhar nos olhos dos meninos ou de qualquer pessoa que nos mostre a diferença ou o espelho.
e isso a cada dia, a cada hora, a cada minuto.
lúcifer, simpático e garboso em sua sedução, em sua gentileza.
ele me estende a mão e sempre que posso a aperto com força.
quero o seu poder, a sua indiferença; quero o prazer, o deleite, a luxúria.
e ele vai me seduzindo e seduzindo tantos outros. vendo a minha alma. ele é o deus eterno presente em todos os tempos. poucos sabem reconhecê-lo verdadeiramente. poucos sabem o seu verdadeiro jogo. eu sei. e tenho prazer em conhecê-lo.

"pleased to meet you, hope you guessed my name"... Is just the nature of my game"...

o vídeo está aqui




quarta-feira, outubro 28, 2009

Tem poema meu!

Gente, tem um poema meu no Maria Clara Simplesmente Poesia. Para conferir é só clicar aqui.
Beijos.

sábado, outubro 24, 2009

atrás da árvore

aquarela/ paisagem/rafael godoy
você, amor, escondeu-se atrás da árvore
aquela que subíamos quando crianças

você disse que nunca cresceria
e como peter pan na terra do nunca
nunca me deixava sem o seu pó mágico

voávamos sobre as cidades
entrávamos por todas as janelas
ríamos e chorávamos indivisíveis

eu era sua fada e você meu encantador
inventávamos o mundo
para que ficássemos juntos

as suas mãos me ensinaram
as melhores brincadeiras

juramos amor eterno
e gravamos dois nomes
em um coração amarelo
no galho mais alto e escondido

agora te vejo, amor
atrás da árvore
atrás do que fomos
atrás do que perdemos


quarta-feira, outubro 21, 2009

filhos na noite

imagem google

irmãos na noite espalhados
na casa da velha mãe
hoje não é festa, não é aniversário
e surge a pergunta mortal
quem vai ficar com ela?

como se ela não pensasse
como se ela fosse a carga mais pesada

a mãe poderosa e infalível
mergulha nas suas sombras
nos seus medos e sofre

por que meus filhos estão aqui?
queria afagá-los e tirar deles todo sofrimento
queria carregá-los no colo
queria alimentá-los e enchê-los de alegria

os filhos como morcegos agitados
começam a se debater
quem vai ficar com ela, a mãe?

uns esbarram as asas frágeis nos outros
uns tentam perfurar o coração dos outros
uns se acham insubstituíveis, infalíveis
são líderes, poderosos, ou mais sábios
outros apenas ouvem calados o que se fala

e no fundo do corredor, em seu quarto,
a mãe adormece, preocupada com suas crias

o cansaço da vida faz doer o seu corpo
as suas pernas são quase inúteis
e no seu peito o coração metálico
marca os seus passos dia a dia

e nessa noite ela sonha
sonha com a família em volta da mesa
as conversas intermináveis,
os risos, as piadas, as brigas, a comilança
seus filhos não cresceram tanto
e o seu velho companheiro ainda esta lá

nessa noite, ela sonha

os morcegos, suas crias, levantam voo
cada um com a sua culpa, cada um com o seu pecado

imaginam que poderiam cantar uma canção
que embalasse o sono de sua mãe
essa mulher que tanto sugam, que tanto amam
que tanta admiração causa
que guarda tantos segredos

mas não sabem como
e choram
suas asas pesam
como se carregassem a humanidade inteira
como se já estivessem definitivamente
presos em suas cavernas mais escuras

(republicado)

domingo, outubro 18, 2009

cenas de parede


quando uma lagartixa deslizou
nas pálidas paredes
e mostrou seu ventre transparente

quando um inseto noturno
desses que voam
entrou e mexeu suas pobres asas

percebeu o olhar parado
frio e mortal daquele ser esbranquiçado
e se debateu loucamente

por uma única vez olhou a lua
e viu nos olhos da mórbida lagartixa
o mesmo brilho

foi devorado lentamente
inexoravelmente


sábado, outubro 17, 2009

quando vim ontem pela rua

desenho de carlos carah

quando vim ontem pela rua vi um cachorro morto. fiquei olhando para ele imaginando como teria sido a sua vida de cachorro. então lembrei da minha vida e vi que não era muito diferente.me vi morta com a cabeça no passeio e o resto do corpo na rua. imaginei outro cachorro me cheirando com o focinho frio e o bafo quente. vi que ele saiu correndo, como quem corre do diabo.


sábado, outubro 10, 2009

na praça


no caos de minha cidade às seis da tarde não tinha mais nenhum pardal. nem que eu olhasse todos os fios, todas as eiras e beiras e procurasse no meio da praça não tinha nenhum pardal e fiquei perdida olhando para aquilo tudo. passou um cara pedindo pra engraxar meus sapatos e eu estava descalça porque fazia calor demais e a primavera tinha começado. mas ele insistiu e eu disse: hoje não dá, cara! então dei umas moedas pra ele e falei que o fim de tarde estava estranhamente belo, mesmo sem os pardais. o cara me abriu um sorriso dos mais lindos que já vi, saiu rápido e trouxe algumas latas de cerveja gelada e ficamos conversando sobre a cidade e o por do sol. os pardais foram chegando um a um e ficaram ali como se entendessem nossas palavras e como se pressentissem essa possível e intensa primavera.

PS: Tem poema meu no Balaio Porreta, aqui.

quinta-feira, outubro 08, 2009

tem poema meu de novo!

Pessoal querido , só pra não perder o costume, tem um poema meu lá no poema dia. Se quiserem conferir é só clicar aqui..Beijos.

terça-feira, outubro 06, 2009

sem noção


Não sei em que apuros me meti, mas quando vi você com essa cara linda e máscula sob a luz dessa lua cheíssima, pulei em seu pescoço e dei o maior, mais sensual e mais gostoso beijo da minha vida. Pena que sua mulher estava do lado.