carlos gardel-imagem google
o que tirei do baú não eram mistérios
eram panos remendos algumas bijouterias
um urinol branco de ágata uma toalha de renda
um álbum antigo de pessoas desconhecidas
(mesmo que me reconhecesse em algumas fotografias)
um cheiro de poeira a tesourinha da minha avó
a seringa de prata do meu avô
um disco de carlos gardel e el dia que mi quieras
um vestido vermelho e o perfume de uma noite
tirei de lá algumas vidas adormecidas em lembranças
e as ressuscitei na sala de jantar
ficaram cochichando rindo dançando
e eu sussurrando medos
o que tirei do baú não eram mistérios
mas o fechei com força a sete chaves
e era hora do jantar
29 comentários:
Nostalgia, lembrança... Bonitas imagens, bonito texto.
"Ah, memória, inimiga mortal do meu repouso!" M. Cervantes
Adorei o baú, Godoy. As miudezas que, dele, se expandiram.
Belo poema memorialístico. Parabéns!
Um beijo :)
H.F.
Adriana, obrigada pelo "só amoroso"... huahauhauahuahau
;)
que lindo... objectos de vidas! adorei!
(www.minha-gaveta.blogspot.com)
Muito bom. Essas vidas adormecidas, que não sõa mistérios, mas que já não queremos reais...
Um beijo.
Adorei, Pandora!
Devo ser sincero, dessa vez você me surpreendeu no para além do normal (sempre anormal).
Fui acumulando lágrimas, sorrisos, objectos, situações, pó, pó, mais pó e, então, ...!
Gostei mesmo. Quero mais!
Lembranças que não tive. E é assim que se segue.
Na hora do jantar, com a noite escura, tem que fechar mesmo!
Até mais.
Jota Cê
Adorei sua caixa de Pandora!
Seu jeito de escrever é tãO LINDO, QUE PARECE QUE VEJO VOCÊ, RETIRANDO AS COISAS, FICANDO COM MEDO....
Excelente!
Mas será que posso ficar com a foto do Gardel?
LINDOOOOOO!!!
Beijos
Mirse
Drika, coisa boa é poder passar por aqui. Ler os teus escritos é mergular fundo, vislumbrar possibilidades, imagens, ações.
Obrigado pelas palavras.
Bjão carinhoso.
Joana, obrigada pela visita e comentário. Volte mais.
Hercília, sempre boa a sua visita e suas palavras fazem bem. Gosto quando vem. Bj
Talita, obrigada....bj
Nuno, gostei dos objetos de vida. Obrigada. bj
Luciano Pfifer, bom retorno, sua presença sempre faz bem. beijo.
Mirse, que lindas palavras...obrigadíssima. Pode ficar com o Gardel e toda sua beleza. Ele é do mundo. Beijo.
Pimenta, nem acredito em suas palavras...deliciosas e meigas. Adorei. Bj
JC, é esse o espírito da coisa. Obrigada. bj
Rebecca e Jota Cê, valeu, tem que fechar mesmo, haha. Bj
Marcos, acho que sim. Obrigada. Bj
adriana,
o saudosismo é sempre encantador...
os mistérios estarão sempre por ali.
sim, estou bem. gracias.
bj
a memória-afetiva... e nem sempre só afetos. que nos fazemos do que nos fazem também e são tantas as misturas.
a sua é incrível, dri. adoro. sobretudo como arremata a poesia. eu a como troglodita :)
beijo.
ps: tava em mg, agora em sp. volto pro ce em duas semanas.. rsrs..
Adriana, fostes buscar essa pérola no fundo do baú.Tenho o hábito de rebuscar fotos e rever passados de momentos variados, acho isso uma forma de exercitar meu afeto e também meu apego, entendendo o que não poderá voltar e vendo na intimidade a atuação do senhor tempo e como dói o Gardel.Grandioso poema, tema agradável,sempre na dianteira poeta, beijo.
Buenas, ainda bem que melhorou, o rock continua pulsando no mundo e alguns na lembrança. obrigada e beijo.
Ei, Nina, então tomou os ares das montanhas, ainda que meio destruídas, né?
trolglodita, amei. bj
Luciano Fraga, belo comentário, belo e sensível. Gostei de seus afetos. E gardel dói na alma mesmo. Um beijo.
drika,
toda nostalgia embalada em memórias quase que esquecidas( como se solicitassem para ser esquecidas).relíquias impalpáveis ,restos mortais de um passado . Como um bom tango dividindo tudo de mais secreto com um estranho.
Belo, Belo.Amei.
beijos enormes pra ti,
Anita.
Um baú não de mistérios,
mas de doces lembranças.
Guardadas a sete chaves,
pra que não cochichem,
riam e dancem
por si próprias...
Fascinante, Adriana!
Um beijo.
Mesmo as coisas que não são segredos remexem fazendo-nos revivê-las de novo. Quem nos encontrar nestes momentos, nos verão com cara do passado.
Muito belo, como todos, parabéns!
Encantador jardim pós pós pós tudo
baús alem de bem trancados
devem ser esquecidos
para ninguem lembrar
A que serve nossas lembranças
se até de nós devemos preservar?
Aquele dentinho de leite, o único
que sobrou, outros foram ao telhado
foi incrível, mas foi e esquece
os dentes agora são depressa demais
Que o tempo rouba a arte do artista
isso é uma verdade inquestionável;
veja bem, que pode um retrato rijo
salientar sobre a face em branco?
Deveras preocupado, o laudo demora
que lugar é este onde um papel sabe como quando e porque confirmar
nossa maior dúvida: Quem está aqui?
Eu tambem fico assustado
não é fácil deixar de lembrar
todos cochichando
bem na hora do jantar
(...)
Adri, às vezes a gente guarda tanta coisa dentro de nosso baú de vida, certamente tem algumas que não podemos jogar fora, mesmo que não prestem.
Belíssimo texto, deu para visualizar cada detalhe.
Beijos
Estercita
Todos temos que de tempo em tempo abrir nosso baú.
Lindo poema!!!!!
beijos ternos
Anita, depois de seu comentário tão analítico fiquei até sem ar...obrigada pelo carinho de sempre. beijo.
Renata, é isso mesmo...obrigada mesmo por palavras tão afeutosas. bj
Lara, que bom que voltou. obrigada por seu comentário. bj
Devir, amei seu poema, um desbunde. Obrigada pela visita.bj
Estercita, que delícia de comentário. Obrigada e volte sempre. Bj
Márcia, acho que sim. Às vezes é bom tirar as teias, mesmo que nos causem certo temor. Bj
Adriana,
você e sua poesia, uma poesia.
amo o que você escreve, é biotônico pra alma (faz chorar e morrer, mas depois tudo renasce melhor, forte e poderoso).
Ah, a propósito, Feliz dia do Amigo!
Pouco conheço de você, mas quero muito, muito bem a você. E, então, tudo que você tão generosamente me transmite (e falo do meu caso particular, mas sei que isso se estende a muitos como eu), guardo no coração, no baú das lembranças dos melhores momentos, dos melhores amigos.
Um beijo,
Cynthia
Cynthia, nem sei o que dizer depois de tantos elogios. Fico feliz em saber que você gostou do poema. Obrigada pela amizade à distância, mas sentida de uma maneira tão especial.bj
...mande o urinol
pra mim. Acho-o uma peça
linda de decoração.
Belo poema de sótão...
bj
Que poema forte Adriana. Gostei muito.
Guru, esse "urinol" vai virar um belo vaso ou vou doar a um museu quando abrir o baú novamente...hahaha mas quem sabe, né? Beijo, meu querido.
Barone, forte é a sua presença. bj
Belo e nostalgico, Adriana.
Tranque o baú, guarde no porão. Um dia alguém irá abri-lo novamente e poderá sentir o que eu senti enquanto lia esse poema.
beijos.
oi,adriana! quando viajo,nos guardados amarelados e nas relíquias familiares,guardo-os,no tempo certo, com choramingos de saudades...sempre,retorno...me resguardo,rio,choro...retorno.
é bom...abrir e fechar o baú!
bjos , me enternecem ...seus escritos.
taniamariza
Adriana Godoy,
como você me fez viajar, menina! nunca ficamos impunes quando abrimos o baú da nossa vida, lembre-se disso, nunca! porque os mistérios se disfarçam de lembranças e chega um momento da nossa vida que temos mais lembranças do que qualquer outra coisa. E eu posso dizer isso de carteirinha. É só entrar no meu blogue e constatar.
Obrigado, amiga e passageira no mesmo barco e mar.
Mauro Lúcio de Paula
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