terça-feira, julho 07, 2009

Atrasados


Estamos atrasados, meu amor
O rio já correu
O sol já se foi
e o dia ainda não foi embora

Perdemos a noite escura
mais negra que os olhos do diabo
Perdemos a hora de dançar com as árvores
com seus galhos como as mãos da morte

O vento está morno e fraco
As flores não têm cheiro
Perdemos o trem
que atravessa a cidade
Não vamos a lugar nenhum
O tempo já passou

Ficamos aqui de mãos dadas
Como duas crianças perdidas
As ruas são longas
e estreitas as esquinas

Estamos atrasados, meu amor
O mundo esmaga os nossos sonhos
lentamente, intensamente.

37 comentários:

aninha disse...

estão atrasados, mas isso não os impede de seguir, força na caminhada!
muito bonito o que escreveu, beijos.

nina rizzi disse...

uau!
o bonde da história não para, tem pressa, e não perdoa.

um beat que me dá, sinto muito, não dá pra esperar com tanta intesidade.

oh, maninha, ó maninha, tu não partirias sem mim, hm?

que coisa cadenciada à jazz. no beat-buumm. delícia, dri :)

beijo.

BAR DO BARDO disse...

há um romantismo

e x p l í cito

que pena

os advérbios ao fim...

essa foi de dofer, digo, de doer...

quanta angústia!...

prefiro uma dri mais trash - estou sendo sincero (glupt!)

Isabel Estercita Lew disse...

Adri, minha mãe diria: "más vale tarde que nunca" O sol sempre está, é a gente que às vezes não vê. Não deixe o mundo esmagar seus sonhos.
Seu poema é belo até na tristeza.
Beijos
Estercita

Adriana Godoy disse...

Who, obrigada pela visista e coemntário. Bj

Nina, delícia seu comentário. Uau! Beijo.

Bardo Pimentinha, eu também. Os advérbios esses sim estragam, aniquilam, mas vou deixá-los, não sei o que colocar no lugar agora. Como disse , meus poemas nascem quase prontos. É um defeito, mas por enquanto é assim, viu? Ainda bem que é vc sincero. Isso é bom. Beijo.

Isabel, obrigada pelo comentário tão doce. Beijo.

tania não desista disse...

oi,adriana! poemas de amor...saem,
afloram...libertam-se de nós.
enfeitam,escurecem...abusam de nós.
saem enfeitiçados do pensamento,com realidades,devaneios...com heresias.
são ótimos.lindos como o seu!
bjos
taniamariza

Adriana Riess Karnal disse...

Tenho q concordar com Pimenta: vc é Ginsberg...é blues em forma de poesia...dá-le xará!!!

Anita Mendes disse...

"Estamos atrasados, meu amor
O mundo esmaga os nossos sonhos
lentamente, intensamente."

o atraso é a trama e os sonhos apenas um in(t)venção.

amei muito esse poema ...
está na lista dos "favorites"!

ps: e só pra contrariar eu gosto da melancolica drika (rs)... é bom ver os teus lados alados.
beijos grandes pra ti.
Anita.

Luciano Fraga disse...

Querida poeta, que show! Belo, com tom extremamente melancólico e romantico,deixou-me uma sensação de impotência, como na hora de uma despedida,não um adeus, mas a partida para um outro universo diferente do nosso,adoro poemas assim, acertou na mosca e em mim, beijo.

Unknown disse...

LIndo!!!!!!!

Essa é a minha Adriana!

Adoro poemas tristes, de despedidas, com o tempo que já passou, com os abraços em árvores por falta de outros dois.....

Maravilhoso poema "in blue".

Bravíssimo!

Beijos

Mirse

Renata de Aragão Lopes disse...

"Ficamos aqui de mãos dadas
Como duas crianças perdidas
As ruas são longas
e estreitas as esquinas"

Amei!
Principalmente os 2 últimos versos acima.
Aplicam-se a tantas ocasiões...

Vi a crítica do Pimenta.
E sua defesa:
"os poemas já nascem prontos".
Sugestão:
por que não altera só um pouquinho?

"lenta e intensamente"

Soaria mais leve.
Beijo pra você!

guru martins disse...

...é, mas
antes junto que
desacompanhado
nesse trem que
nos leva
pirambeira
a baixo...

bj

Adriana Godoy disse...

Tânia, Xará, Anita, Luciano, Mirse, Renata, Guru...comentários tão especiais, obrigadíssima. Beijo.

Renata, a intensão é que fique pesado mesmo no final, mas obrigada pela sugestão. Beijo.

Beatriz disse...

Gostei muito.
Atrasados mas se ainda estão juntos que importa o tempo?

Adriana Godoy disse...

Errata: INTENÇÃO, SOCORRO!!! E NÃO INTENSÃO. O QUE ME DEU?? EU, HEIN???

BAR DO BARDO disse...

O que é "errata"?

José Carlos Brandão disse...

Gosto de um pouco de romantismo - por que não? Todas as faces da poesia. E que se humanize o poeta - não tmeos todos o nosso lado sentimental?

... e o tempo é arrasador. Nada é romântico - no pior sentido, piegas mesmo - quando se fala no tempo. Aí estamos no campo filosófico, metafísico, teológico. Aí estaremos falando do homem em sua dimensão total.

Um beijo.

Ah, gosto de um pouco de romantismo e gostei do poema.

Fabio Rocha disse...

Que potência poética! Emocionante!

pianistaboxeador21 disse...

ADRIANA, SEM HIPOCRISIA, VC ESTÁ CADA DIA MELHOR. EU FICO SÓ ME PERGUNTANDO QUANDO SERÁ QUE VAI SAIR UM LIVRO PRA GENTE TER TUDO ISSO NA CABECEIRA DA CAMA?

Perdemos a noite escura
mais negra que os olhos do diabo
Perdemos a hora de dançar com as árvores
com seus galhos como as mãos da morte
.

gOSTEI DESTE TRECHO DEMAIS.

Hercília Fernandes disse...

Embora atrasada, creio que nunca seja tarde demais para apreciação de boa obra.

Seus últimos textos, Godoy, são majestosos, a alma sorrir de contentamento, mesmo que mergulhada no lirismo amoroso ou na ironia.

= belos.

Beijos, querida poeta!
H.F.

Rafael R. V. Silva. disse...

lembrei do filme "foi apenas um sonho". você viu?
---------------------

a glória anda calada, não sussurra mais nada em meus ouvidos...

beijão.

Devir disse...

A certeza é o trem
voce tem certeza
todos até aplaudem

Opa! tá passando de novo
é muito cruel ficar
sem saber se vai voltar

e tomando tanto café esfriado
tantas latinhas esquentando
tantos trens azuis para o espaço

a glória que não liga, não se toca
a imortalidade brincando de noiva
a saudade em cada olhos errados

e a pergunta já com a língua cortada a repetir, repetir
aonde andará a certeza e com quem

toda música, todo som da voz, uivo
voar até a porta - não eracampanhia
não era a certeza, de novo o não

Não adianta perguntar a quem fica
a quem foi e voltou e não soube
para aonde vai esta viagem do trem

Será que se fica para não mais rir
não mais chorar, ou chorar e rir
na ciranda dissimulada da tristeza?

Os poetas, sequer eles perguntam
ninguem mais pergunta, mortos, ocos
por que deixamos a certeza partir?

Eis um silencioso sinal, o trem
vem chegando, trazendo calor humano
sorte que a certeza não a esqueceu

Rounds disse...

adriana,

massa!

esmagado estava eu nesses últimos dias... é foda essas coisas!

tô melhor.

bj

Vinícius Paes disse...

o mundo sente ciúme do amor.
Um lindo poema Adriana.

beijo.

Adriana Godoy disse...

Profeta, Bea, JC, Fabio, Daniel Lopes, HF, Rafael, Devir, Buenas, Paes...comentários que me deixam muitíssimo agradecida. Beijos.

Buenas, às vezes passa um trem desenfreado e arrasta o corção, mas ele também passa. Tomara que melhore mesmo! Beijo.

Devir, um belo poema. Bj

Daniel Lopes, nem sei o que dizer...bj

Beatriz disse...

Passei pra dar um beijo e desejar bom final de domingo;))

Edu disse...

Entrei aqui por acaso. Numa pequena cidade do interior de SP, alguém, antes de mim, usou este computador pra ler poesia e deixou o endereço do POEMADIA. Aí, vi gente de Minas, da montanha, e entrei pra conhecer. Vão aí notícias de outros morros e das águas que vêem daí. Mas a Mantiqueira sempre foi mãe, mais que fronteira. Abraço. ateamargemdogranderio.blogspot

Adriana Godoy disse...

Bea, valeu! Beijo.

Edu, interessantes essas coisas ao acaso. Volte sempre. Gostei de seu comentário.

JC disse...

Deixa estar atrasada. Estás feliz, de mão dada. Quando se está feliz o tempo não passa. Há qu aproveitá-lo. Aproveitar cada momento de felicidade e vivê-lo com a intensidade que ele merece.
Beijinhos

Mara faturi disse...

Aiii, que viagem mais linda moça;)
ás vezes o trem passa rápido demais, mas a paisagem da janela fica ainda mais instigante...
me encantando com tudo por aqui*)
bjos

sopro, vento, ventania disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sopro, vento, ventania disse...

Adriana,

tô parada, mas tô criando, graças ao efeito generoso que o meu momento (e aí incluo o que leio em você) provoca em mim.
tão queridos são seus textos. tão provocativos.
na boa? vejo seus textos e fico quieta, dentro de mim. E esse deve ser o melhor efeito que um texto provoca na criatura. E esse encontro é um delicioso momento, no qual pouco me aventuro há anos, e do qual sinto tanta, tanta falta.
"O mundo esmaga os sonhos" (lindo!).
Os sonhos esmagados não nos permitem um encontro dessa carne frágil com essa alma pulsante e "sufocada" de todos nós.
De resto, é torcer pro sufocante grito que há, aqui, no peito conseguir sobreviver e continuar a gritar, apesar de serem, afinal, carne e alma, "duas crianças perdidas [na rua longa de estreitas esquinas]"
texto bom é esse, que faz chorar e corar. Obrigada!

Cynthia

1:40 AM

Adriana Godoy disse...

JC, Mara, mais uma vez, obrigada mesmo. Bj

Cynthia, espero que você volte a escrever. Seu comentário é muito tocante e sua alma esta aí plena de emoções. Obrigadíssima e um beijo.

Lara Amaral disse...

Conheci por acaso o blog Do Bardo e, pelo dele, descobri o seu. Gostei muito, virei aqui mais vezes. Com este poema, em especial, me identifiquei, pq sinto, neste momento da vida, que as coisas estão passando e eu ficando, mas é apenas uma fase, claro.

Parabéns! Quando eu crescer e amadurecer mais minha poesia, quero ser como vc e o Pimenta, excelentes poetas.

Prazer em conhecê-la.

Lou Vilela disse...

Gostei, intensa mente! ;)

Beijos

Luisa Godoy disse...

gostei desse dri. entendo tudo, posso sentir. mas nao eh o sentimento em si, eh a forca da evocacao. bjos

Adriana Godoy disse...

Lu, entendo que vc entende e isso é muito gratificante. beijo.

PS; Foi preciso vc sair de Belô para ler os meus poemas???