quando vim andando por minha rua
já não podia olhar a lua
os olhos acostumados ao cinza
viam outro planeta
era grená e enorme
pairava sobre os edifícios
ninguém olhou o céu neste momento
apenas um gato perdido na madrugada como eu
parecia encantado por esta presença
ia de um lado para outro
roçava as minhas pernas
miava baixo e seus olhos brilhavam
o planeta continuava lá
como se sempre lá estivesse
a rua
tornou-se um enorme tapete grená
o gato ficou parado ao meu lado
duas criaturas admirando um novo mundo
duas criaturas buscando um novo mundo
amanheceu
estava lá o céu o mesmo
estava lá a rua a mesma
o gato não estava
entrei em meu apartamento
e na janela o mesmo sol
fechei a cortina
e o quarto ficou grená
2 comentários:
Adorei Dri! Você é a real mulher-gato, a única que eu realmente acredito sê-la! Além disso, adoro poemas que transmitem climas. Esse é um super-transmissor. Adoro poemas-histórias. E adoro gatos na noite, na cidade, adoro planeta, adoro o mundo quando ele se transforma em outra coisa, em apenas um clima talvez. Nós duas somos irmãs na literatura!
ler todo o blog, muito bom
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