sexta-feira, julho 18, 2014

e quando vier o dia

e quando vier o dia
os homens estarão feridos
as crianças tristes e perdidas
e violentadas as mulheres

quando vier o dia
restarão pássaros com asas queimadas
e o grito insano das cidades

estaremos sedados
a noite e as nações em pedaços
melhor fechar as janelas
e não ouvir

mas é mais forte o grito e o choro das gentes
mais forte que todo o gás que faz chorar
que todas as balas de borracha que ferem

mais forte que aviões atingidos no céu
que a violência covarde e desigual
que mata e trucida um povo

queremos não ver queremos não ouvir
mas a alma sente
e chora por essa gente
e torce e se revolta e se entristece

e alguns dirão que sempre foi assim
aplaudirão as atrocidades
melhor fechar as janelas
melhor fechar os olhos

e quando vier o dia
não haverá sol
mas nuvens de fumaça e sangue

2 comentários:

Lu Dantas disse...

E seria possível saber quanta dor não suportaria o horror que se apresenta à vida? Que cada um encontre o limite necessário para não enlouquecer e entender que o dia termina e sempre vem um novo amanhecer.

www.lucadantas.blogspot.com.br

Mauro Lúcio de Paula disse...

Onde foi buscar tanta dor e tantas sombras em dia um tão nublado? A sua poesia é tão forte e profunda quanto os seus olhos e a sua sensibilidade. Parabéns, menina!