sábado, fevereiro 18, 2012

entre bougainvilles e demônios



não que essa bougainville não me inspire
 ou esse bem-te-vi solitário não me diga algo
existe entre mim e as coisas lá fora um abismo escuro 
e a estrada não aponta o sol
esperava que você fosse ao inferno comigo
e me dissesse que nem tudo estava perdido
mas preferiu pegar o primeiro voo e bater suas asas aflitas
ir para um mundo em que não estou
pra quê então o telefone depois
e dizer que sente a minha falta 
cara os dias e noites são todos meus
os anjos e os demônios me pertencem
e sei que quando acordar eles vão estar lá
mas você não

sábado, fevereiro 04, 2012

muletas

 
nessas tardes intermináveis e quentes
as muletas são o céu visto da janela
a visita de pessoas queridas
o cheiro de café vindo da cozinha
 o cigarro proibido
o sorriso da mãe presa na cama
e a lição que ela dá dia a dia
com sua força e doçura

os dias e noites são quase iguais
uma calma forçada e triste
a paciência trabalhada a cada minuto
                               
                                o poema se faz sem poesia

dizem que tudo tem razão de ser
embora não creia nisso
pode ser que seja verdade