parece que vem uma dor lá no fundo. como se
nem a melhor música ou o melhor amigo pudessem te salvar. como se nem o
dia que amanheceu bonito representasse alguma coisa. é como olhar o
deserto árido e sem cor. é como acender um cigarro depois do café e não
sentir o prazer de inalar a fumaça do veneno. é como tomar uma cerveja
gelada no fim da tarde e ela descer amarga como o pior remédio. minha
mãe tá morrendo há quase dois anos e eu não posso fazer nada. minha mãe tá morrendo na cama paralisada e eu não posso fazer nada. nem os seus olhos brilham mais. nem o sorriso lindo na sua boca. nem o seu perfume. nem nada. só a dor que vem do fundo. só a dor na alma. minha mãe tá morrendo e eu morrendo um pouco com ela.
8 comentários:
as entranhas da alma sempre carregam dores que vez por outra insistem em atingir nossa fragil superfície humana.
a morte, a morte sempre desdenha da nossa impotência, da nossa paralisia, da nossa finitude evidente mas nunca aceita.
Nilson, obrigada por suas palavras lindas e poéticas. Isso conforta demais. Beijo
[os sopros dessa sombra também passam por aqui, porque sua, porque minha também...
porque estou aí, ainda que deste lado, mas presente... presente!]
um imenso, imenso abraço, Adriana
Leonardo B.
a dor que vem do fundo, é tão espessa esta angústia, nos cobre de desalinhos
beijo
Leonardo B., é reconfortante ler suas palavras. Obrigada demais! beijo
Assis, hoje me sinto melhor. A dor continua lá no fundo, mas tenho que lidar com ela. Ontem nem fui trabalhar, não consegui. Hoje é um novo dia, força renovada pela amizade e carinho de tantos. Beijo
Não pude deixar de sentir fortemente em mim essa angústia que já vivi. Mas lembro, no entanto, que um olhar doce é amor. Parece pouco, mas é tanto. Um dia olhei na cara da morte e convicta falei: não acredito em você! Não do jeito que me fizeram acreditar. E decidi que amar é ir além da forma, do corpo, da carne.
Beijos,
Tãnia, obrigada por suas palavras, sua força e presença. É muito gratificante receber esse carinho.Beijo
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