terça-feira, março 24, 2020

Acostumar-se ao silêncio dos velhos, dos jovens, das crianças
Acostumar-se ao silêncio das ruas
dos cães, dos mortos
Acostumar-se à tragédia próxima
ao possível extermínio
dos pobres, dos miseráveis, dos velhos
Acostumar-se à solidão forçada e a olhar a janela do vizinho
Acostumar-se com a morte, com a peste, com a máscara do terror
Acostumar-se a olhar as estrelas, a lua, a chuva, mesmo pelo vidro da janela
Mas jamais se acostumar com a desumanidade, a maldade,
a ganância daqueles que se acham deuses ricos e inatingíveis
Há de surgir um grito uníssono e forte
vindo da alma daqueles que sobrevivem nas ruas
e será mais poderoso do que qualquer arma, do que qualquer demônio
que governa um país