não eu não respiro poesia nem vivo por ela
não me sinto poeta nem outra coisa que o valha
vivo na rotina dos dias incansáveis
e às vezes fecho a janela para não ver a manhã
sou como tantas
talvez um pouco mais triste
e quando menos espero
sinto que as palavras vêm
e tenho que escrevê-las
mas isso não é poesia nem ser poeta
é tirar do café que tomo um gosto diferente
é olhar os carros na rua e pensar em poentes
e quando li nina hoje
me deu a sensação de que as palavras não viriam nunca mais
e olhar uma aranha na parede vai ser olhar uma aranha na parede
e nada mais
talvez esse não seja meu último poema
mas o velho buk sabia:
"se você está morto
você podia também ser enterrado
e jogar fora a máquina de escrever
e parar de se enganar com
poemas cavalos mulheres a vida:
você está entulhando a saída- portanto saia logo
e desista das
poucas preciosas
páginas."
(escrito a partir da leitura de nina rizzi in: ellenismos)
não me sinto poeta nem outra coisa que o valha
vivo na rotina dos dias incansáveis
e às vezes fecho a janela para não ver a manhã
sou como tantas
talvez um pouco mais triste
e quando menos espero
sinto que as palavras vêm
e tenho que escrevê-las
mas isso não é poesia nem ser poeta
é tirar do café que tomo um gosto diferente
é olhar os carros na rua e pensar em poentes
e quando li nina hoje
me deu a sensação de que as palavras não viriam nunca mais
e olhar uma aranha na parede vai ser olhar uma aranha na parede
e nada mais
talvez esse não seja meu último poema
mas o velho buk sabia:
"se você está morto
você podia também ser enterrado
e jogar fora a máquina de escrever
e parar de se enganar com
poemas cavalos mulheres a vida:
você está entulhando a saída- portanto saia logo
e desista das
poucas preciosas
páginas."
(escrito a partir da leitura de nina rizzi in: ellenismos)
35 comentários:
Adriana, belíssimo teu cantinho.
Priscila Cáliga
Muy bello y tierno.. me gustó mucho.
Un abrazo
Con mi saludos fraternos..
Que esta semana sea de las mejores, son mis mejores deseos..
[a parte mais intima de poesia será sempre provisória, um pouco de ar de mão em mão, que não se resgata, nem procura, nem se acha: acontece como o dia pela porta adentro, palavra adentro da mão, acontece e raramente tem razão]
um imenso Abraço, Adriana
Leonardo B.
Isso "é" o que chamo de pura poesia. Este "sabor" que se acrescenta aos dias comuns. beijo, Adriana.
DRI!
Esse velho buk, (quem disse que tem razão?)
Razão temos nós que a consideramos poesia pura, até na respiração!
Beijos, poeta!
Mirze
Olá Adiana,
Tem que ter as rotinas...
O que nos faz deferente é
o que nos faz "especial".
Há momentos que os palavras
não passam de meros ruidos..i só!
até mais..
abçs
Lago.
Cê é muito doida, quando diz que parou! ô parou porqeu, pra qUÊ, PAROU????êOLHA AÍ Õ
não será o último e o velho buk tem razão.
bj
Adriana querida, arrepiante e ainda mesclado com o velho safado do Buk, demais também as coincidências, há poucos dias escrvi e fiz um filmete com um poema de título parecido: O Sr R. tinha razão quando evadiu-se... Mas nem ele nem nós correremos, beijo sincero querida amiga.
Aguarde tá?
adriana, digo sem medo de errar e, juro, não é por vaidade, mas esse é dos teus melhores poemas, e sabe porquê? sim, o velho buk tinha razão... esse é um poema verdadeiro, minha cara, como diz a verdadeira bonetti ali em cima... um poema sem manhas, artificios e fórmulas de poeta. esa coisa que tem me repelido da rede.
mais? eu estava escrevendo sobre isso... eu não quero frases feitas, minha querida, eu quero é poesia!
ps: ontem foi dia de yemanjá, sim, no ceará é 15 de agosto... rsrsr... fui pra praia na madrugada... dri, foi lindo, eu dançando, eu girando, eu te pensando, e a gente ali. eu, as flores (e desta vez até perfume), vc e yemanjá.
beijos, linda :)
↓
Pô eta! Ficou DRImais!
Para com isso...
ou melhor,
NÃO para com isto!
Be:)os
A todos vocês que me trouxeram palavras tão expressivas, agradeço de coração.
A você, Ninuska, que tanto me inspira, apenas dizer que valeu. Valeu tudus. beijo
Diálogo entre duas
que merecem prosseguir!
Beijos,
Doce de Lira
Belo e intenso Adriana... Grande homenagem á Nina. A tela do Rafael é linda ! Bj com carinho.
Que interessante, Andriana, quando li exatamente a mesma coisa no blog da Nina, também senti isso.
Mas aqui estamos nós, arriscando-nos, e ainda bem que continuaste, adorei teu poema!
Beijos.
Um belo poema... um diálogo fascinante de palavras num jogo poético delicioso!
BjO´ss
AL
adriana,
leio esse seu poema tão bem colocado em sua naturalidade e fluidez de escrita que me provocou diversas reflexões sobre o ato de escrever- uma pergunta crucial, paradoxal e antiga- por que escrevemos? para que escrevemo0s? são perguntas sem respostas- na verdade a úncia resposta é a nossa
escrita colocada no papel, na tela do comjpujtador, nas paredes que4 os poetas anônimos pixam nas ruas, a poesia não escolahe lugar, nem hora, nem estilo, nem berço- ela chega sempre sorrateira e nos invade a alma- muito já se disse que sentimento não é poesia- que isto não é, aquilo é, ou seja, ninguém sabe o que é... só sabemos que ela chega furtiva, a inspiração,em qualquer momenjto, como uma amante noturna, como o visitante inesperado, e as palaavras se juntam, se fazem presença florte e nós, seus mensageiros, acabamos por "perpetrar" textos, às vezes em forma de versos, outras em forma de prosa, buscando ser inventivos, criativos, e ao mesmo tempo, portadorers de alguma "mensagem"9 se é que isso exista).
e assim vamos, meio que escravos da palavra- e da inspiração- essa musa indócil que não escolhe hora nem lugar-
por que4 escrevemos? para que? continuo não sabendo, embora escreva desde os meus 12, 14 anos( e lá se vão tempos). não por vaidade literária ou por qualquer
outra veleidade... não me interessam glórias, muito menos desse tipo... agora, sempre fico feliz quando um texto meu é lido, comentado pelos leitores, que o reescrevem continuamente, ao deixar seus comentários...
não sei se bukowsky tinha razão, assim também não sei se tantos outros poetas e3 escritores de oanytem e de hoje tiham razão, ou se eu e voc~e temos razão... mas isso não, imp-rta... nossa caneta, nosso lápis, nossos teclados e mouses, e nossos cérebros e corações não irão parar de derramar e amar as palavras- pois acho que isso é um vício, muito mais do que um ócio.
se temos leitores, que maravailha... se nãoa temos leitores, maravilha do mesmo jeito ver o texto pronto, traduzindo aquele nosso momento específico,aquela nossa visão de algo, como o por de sol, ou um grito no escuro, ou dos cães vadios na rua, ou e aprincipalmente do amor que move o mundo...
o resto,. bem, acho que é só blábláblá...
grande e afetuoso abraço, e sempre parabéns pelos seus textos- sempre tão bonaitos...
e também pelos desenhos que você posta junto- todos incríveis....
adriana, depois de escrever esse texto, veio-me a "inspiraçã" essa que chega de repente- e os versos têm que ser paridos- senão dói...
dedico a você- e às suas reflexões sobre o faz\er poético:
..então escrever - como quem lapida pedras brutas
dando-lhes forma de gemas
como quem escavaca veios
em busca do ouro oculto
como quem escancara veias
e não estanca o sangue:
o flauir do poema.
...então, dar vazão
à voz libertária, qual soprano
de ontem, que entoa na madrugada
sua ária solitária
qual a´pedra do anel:
a rainha da noite,
rediviva, em sue agudos vocais
muito mais
do que sempre...
...então, escrever, como quem
sangra, como quem morre,
como quem empunha guitarras
e cospe rocks e blues alucinados
que nos fazem escravos
dessas belezas díspares
que não se dissipam
ficam
tatuagens
em nossa pele encardida...
...então, escrever poemas
que pingma, que gotejam,
suor e sentimentos:
não ter medos, não ter modos, não ser mudo
ante a vida:
escrever, e ser a via torta
o descaminho lúdico
o desatino lúcido
de quem sabe
do caos
e do cais...
desculpe os erros de digitação...
Danilo, que palavras, meu amigo! Vc realmente tirou leite das pedras, tirou paixão das palavras. Não sei nem o que dizer diante desses versos, desse comentário tão bem elaborado e verdadeiro. Fico feliz que existam poetas como você e de ter o privilégio de poder ler seus textos poéticos, seus poemas...Obrigada de verdade. beijão.
hoje eu, vc, o buk, os ocos, os vendidos ao diabo: ellenizados.
beijos.
Nice dispatch and this post helped me alot in my college assignement. Thank you for your information.
Infeliz de quem se delimita! A vida, a poesia e a classe é por horas uma morte anunciada.
Bjs moça.
Dri Godoy,
Minha querida, todos nós dizemos [cada qual] duas ou três coisas. O quanto queremos/ precisamos dizer essas duas ou três é uma questão tão íntima, que ouso chamá-la de Poema-de-cada-um.
[Já que "prece individual" afasta quem onera pejorativamente a expressão...].
Belo poema, entre tantos outros belos poemas teus.
Um beijo!
Então drika, me explica como vc consegue escrever sobre ausência poética preenchendo todo o espaço dessa tela virtual com ela? Epifanias melancólicas de Drika Godoy pra adoçar e contradizer o meu dia! Beijos amore...
Amo tudo isso aqui!
Muito bom!!!
Adriana,
Ouvi tua Voz lá em Nina e não pude deixar de vir conferir - verbos, verbos são - o que de mais houvesse aqui...
E vim pra ficar-me, fincar-me...
Abraço mineiro,
Pedro Ramúcio.
O velho Buk sempre tem razão!
Se for este teu último suspiro poético, fantástico. Pois ele resume todo o resto de sua Voz. Se for pra sair, bata a porta.
beijos.
...e não será mesmo
se continuar assim
vai virar poetisa
bj
Muito obrigado pelo comentário.
abração.
Em boa parte do poema me vi refletido, tudo pareceu direcionado a mim, são todas sensações comuns a minha pessoa, Adriana! Não sei se por eu passar por um bloqueio no momento, se por ser comum a quem escreve duvidar dessa coisa de "ser poeta"... Muito bom poder ler isso.
Bjs!
Mas o tempo passa, Adriana.
O seu poema é envolvente, com sua dor, sua angústia suavizada pelas palavras deixadas como ao acaso.
Beijos.
Leite bom, caro Danilo, "não ter medos, não ter modos, não ser mudo
ante a vida:
escrever, e ser a via torta
o descaminho lúdico
o desatino lúcido
de quem sabe
do caos
e do cais..."
AGod, pinga-me, seja feita sua vontade, por toda a eterninaidade.
Oba, oba, Charles!
"Essa capacidade de transformar o dia a dia em poesia, de pegar as bebedeiras triviais, as angústias adolescentes e transformá-las em arte era a mágica mais mirabolante de Charles Bukowski.
[Beber é algo emocional. Faz com que você saia da rotina do dia-a-dia, impede que tudo seja igual. Arranca você pra fora do seu corpo e de sua mente e joga contra a parede. Eu tenho a impressão de que beber é uma forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte. É como se matar e renascer. Acho que eu já vivi cerca de dez ou quinze mil vidas.]
(Charles Bukowski)
http://www.papodebar.com/charles-bukowski-porres-e-poesias
Adriana, jamais prometi que água nunca mais vou transar.
Querida ADriana,
Sim, liguei de novo o computador pra te dar um bom dia, após longo e tenebroso período de inverno. E li seu comentário, exatamente na hora em que estava pensando em você. Sim, poesia é muito mais do que olhar aranhas na parede. Sim, poesia é aranha de mil pernas, que saltam e fazem saltar.
Lágrimas brotaram lendo seu poema, sempre brotam lágrimas (de emoção, de saudade, de alegria) quando leio o que você constrói com suas pernas de aranha-poeta, de mulher-aranha, que constrói teias que seduzem os que sonham e os que não sabem voar, ambos habitantes de meu-eu, de nós-zeus.
Estou adormecida, mas quando desperto é pra sorrir por ter a felicidade de ler teias como essas que você acabou de escrever.
Tal escrita,
tão linda, tão intensa,
tal pena do poeta que a escreve
tal poeta que dela se serve.
beijos, querida, e muitas saudades e muitos agradecimentos,
Cynthia
Poesia-rede, teia, defesa e alimentação, ou "exagerado", poesia-cerca, fronteira, limite, é muito original.
Fiz um comentário, "nada original", à altura do SEU merecimento, mas deu "erro"; oh mundo cruel.
Devi clemente
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