arte: rascunho de mulher/ rafael godoy
ainda que o corpo clame
sinto em mim um deserto morno
a luz que bate de manhã e me faz fechar a cortina
tenta entrar pela fresta de outra janela
os projetos em cima da escrivaninha me olham
os livros que não consegui ler empilhados
e bananas apodrecendo na fruteira
ontem dormi em outra cama
e ouvi : amor, quer café ou suco?
hoje ouço os carros e as pessoas indo pro trabalho
e sei que breve estarei lá misturada nas ruas e nas pessoas
as notícias mais terríveis a desumanidade
as atrocidades sem medida as tragédias
os deuses devem estar dormindo há séculos
esse sol me atordoa quero a noite
e a brisa que soprava do mar
sinto em mim um deserto morno
a luz que bate de manhã e me faz fechar a cortina
tenta entrar pela fresta de outra janela
os projetos em cima da escrivaninha me olham
os livros que não consegui ler empilhados
e bananas apodrecendo na fruteira
ontem dormi em outra cama
e ouvi : amor, quer café ou suco?
hoje ouço os carros e as pessoas indo pro trabalho
e sei que breve estarei lá misturada nas ruas e nas pessoas
as notícias mais terríveis a desumanidade
as atrocidades sem medida as tragédias
os deuses devem estar dormindo há séculos
esse sol me atordoa quero a noite
e a brisa que soprava do mar
5 comentários:
os deuses então acordavam cedo e, ao sol, faziam seus exercícios matinais antes de cuidarem dos mortais, que tanto lhes demandavam. ninguém ligava se algo de ruim vez ou outra ocorresse pois em breve estaria tudo em seu lugar, os bons no lugar dos bons e os ruins no lugar dos ruins. mas os dias foram passando e os deuses começaram a perder a mão... atrasavam para a ginástica, começaram a dormir um pouco mais e, cansados, começaram a não mais ouvir os telejornais para tomarem pé da situação... as pessoas que iam prô trabalho todo-santo-dia demoraram muito a notar essa mudança... os amores não tinham mais tempo para tomarem cafés, acostumaram-se a dormir apenas em suas próprias camas e não ligarem para as bananas, afinal eram apenas bananas, ou não? os projetos então, apodrecidos em algum lugar entre a fruteira e a escrivaninha, enpilhavam-se junto aos livros... mas ainda havia a janela e atrás dela a luz da manhã que amornava meu corpo e me fazia levantar e buscar a brisa que eu sabia que soprava em algum mar
Desculpe,
é só uma bobagem,
que tb não vale
1 conto
esses teus poemas são dilacerantes, nos cortam com afiadas lâminas, nos interrogam o dia, nos aquecem a noite,
beijo
Marcos, captei! Beijo
Grã, gostei do seu mini-conto. Pode acreditar! Beijo
Assis, obrigada por suas palavras e presença! Beijo
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