Toda vez que penso em ir a um médico me desespero. E hoje vou ter que
ir. Não dá pra adiar o inevitável. O ano inteiro enrolo; marco, não vou,
invento desculpas, qualquer uma. Mas hoje não escapo. Sou mulher,
porra. Tenho que fazer aquele exame ginecológico. Esperar no
consultório, ler aquelas revistas horríveis, ver mulheres entrando e
saindo. Enquanto espero, imagino várias maneiras de fugir dali. Nesses
devaneios, a secretária chama meu nome.Não, não, não!! Mas é tarde.
Não tem mais jeito. Quando entro, a médica com todas aquelas perguntas
a que não quero responder: Continua fumando, tá fazendo dieta? Parou de
beber? Olha o colesterol!! Tá no limite! Precisa fazer reeducação
alimentar, você está acima do peso.Tento contornar e digo que vou
tentar, desta vez, vou conseguir. Então, ela diz: Pode pôr o avental e
se deitar. Então, olho para a mesa, uma cama de tortura. Dois apoios
para o pé, distantes, opostos. O avental é aberto na frente. Tenho que
abrir, literalmente, as pernas. Fico dura como um tronco. Travo. Pô!
Em outras situações isso é natural! Mas não é o caso! Sinto algo frio
entrando em meu ventre. Aquele instrumento gelado de metal, o gel, a
barriga sendo apalpada, agora os seios examinados, tocados. Finalmente,
ela diz: Pode se vestir. Corro pro banheiro, ponho a roupa o mais
depressa que posso. Quero sair voando dali. Tenho um encontro com um
amigo, em um boteco, ali perto. Mais tarde, quem sabe, vou ter que tirar
a roupa de novo, outra situação. Relembro a consulta. Talvez o
encontro fique para outro dia.
(republicado)
Um comentário:
↓
"DesAMARcdo desencontro!"
Tenho de 'bater ponto' no Cardiologista uma vez por ano.
Tudo bem!
"No PROtoqueLOGISTA, não tenho ido...
"a ultima vez que fui fiquei apaixonado por ELE", mas ele é muito "homerengo",
toca em todos ELES."
AH! ah! ah!
Não adianta, a gente não se toca, "por isso que morremos antes do tempo!"
Saúde, Adriana!
Be:)os!
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