arte: rafael godoy
não quero nem ver a hora em que ele chegar
e perceber que os objetos de que mais gostava
estão amontoados no canto da sala
que os seus cedês preferidos
estão empilhados sem ordem
e seus livros adormecem numa caixa de papelão sem cor
que os seus quadros tristes
estão encostados na parede
não quero nem ver quando ele perguntar
de suas camisetas desbotadas
que usava para se deitar comigo
que meus lençóis estão com outro cheiro
o travesseiro outra forma
e na geladeira outra marca de cerveja
não quero nem ver quando ele perguntar do nosso gato
e souber que está aninhado em outro colo
não quero nem ver quando ele descobrir
que os meus olhos brilham mais
e que minha boca tem um outro sorriso
18 comentários:
Desamor. Sempre tão cruel.
Tão puído.
E essa necessidade louca de viver um primeiro amor a cada amor que surge.
"quebrei o teu prato,
tranquei no meu quarto,
bebi teu licor..."
belíssimo, adriana...
bjo
↓
Ou...t(r)ocando-te!
:o)
Nilson, boa referência. Valeu a visita! Bj
Danielle, brigada! Bj
Tonho, adoro ver-te!
Marcos, só se for com conhaque!
É um achado, Adriana. Fui fisgado na primeira linha! Achei muito interessante as camadas que existem nesse poema. Fiquei aqui imaginando, quando ele descobrir o que ela há de fazer?
Abraços.
Pois é, Nolli,
não quero nem ver...rs
adriana,
sua poesia do dia a dia me encanta...
pois é, quando as coisas se acabam( como é natural)
as dores doem muito mais
no fundo das almas:
o corpo, esse sofre ausências,
enquanto se projeta
em outros
lá do fundo do peito
o sentimento clama, ainda,
querendo reeencontros
mas as vezes é tarde,
às vezes não:
é a vida que segue
e não cega os desejos
um abraço
Danilo
vc. já conhece meu blog musapornografica.com.br?
vai lá me ver
Adriana,
a sua poesia quando fala do seu cotidiano tem um "time" diferente, tem volúpia, tem sentimento, tem sequência e tem útero. A poeta fica na métrica e a mulher fica rima. Você tem um "q" de Cecília e um "r" de Adélia Prado. Parabéns, menina!
Adriana, real e denso, muitas vezes fugimos mesmo de certas realidades que nos afrontam, mas a coragem pra decidir é imprescindível,sua poesia; sempre contundente, beijo.
Danilo, tão bonito o que escreveu!
Suas palavras me encantam sempre. Beijo
Mauro, fico lisonjeada com suas palavras, mas quem dera Cecília e Adélia...nem de longe. Beijo
Luciano, contundente são sua palavras. Brigada, poeta queridíssimo. Beijo
belo e forte e cruel
beijos
Fábio, boa sua presença aqui. Beijo
É a vida. Em frente que atrás vem gente.
Beijo.
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