segunda-feira, novembro 30, 2009
dessas noites em que estava lavando pratos
o detergente faz espuma na pia
os pratos ficando limpos no escorredor
os pensamentos sujos quero um cigarro
uma música um blues o céu escuro
meus gatos escondidos em silêncio
duas taças de vinho quase cheias
os pés no chão e pálidos
uma janela uma luz acesa do outro lado
as garrafas de vinho abertas e vazias
leio os rótulos e penso num poema
um inseto esquisito vindo de outro lugar
voa em torno das garrafas vai até a luz e volta
o tempo não tem pressa meus olhos o seguem
os pratos vão ficando limpos
as panelas ficam pra depois
pego uma taça e dou um gole
acompanho o blues num inglês ruim
o inseto se vai e bebo mais
olho a noite escura os pratos brancos
alguém me espera no sofá
estranho pensar no abandono de toda ambição
quarta-feira, novembro 25, 2009
hoje tem!!
Pessoas queridas, hoje tem um poema meu no Maria Clara Simplesmente Poesia. Não é inédito, mas se quiserem conferir é só clicar AQUI. Beijão.
quarta-feira, novembro 18, 2009
apelo
traz para mim os dias que não vivi
todas as noites perdidas
e o sorriso que não tenho mais
vai lá e busca o que me cure
sem que doa ou que arda
apenas que alivie
encontre o que deixei cair na estrada
os poemas esquecidos nas gavetas
e as músicas que não ouço mais
molhe os pés no mar
porque aqui só há montanhas
e jogue uma flor pra iemanjá
deixe seu cheiro espalhado
compre uma garrafa de champanhe
velas amarelas e incensos de baunilha
estou aqui do outro lado e juro
tem uma lua enorme no céu da cidade
segunda-feira, novembro 16, 2009
A noite de Heitor
De algum lado da cidade vinha um frio estranho para essa época do ano. Heitor abriu a janela, a pequena janela do seu quarto fedido e imundo. Colocou o rosto para fora e sentiu um vento meio de lado, que não parecia pertencer àquele lugar. Olhou para cima, para baixo, para os lados e viu que não tinha ninguém nas outras janelas, só ouviu um ruído, quase como um sopro. Lembrou-se da noite que tivera com uma mulher. Uma noite quente, extremamente, quente.. Os lençóis estavam fora do colchão, e havia restos de uísque nos copos, pontas de cigarro nos cinzeiros e um cheiro de quase morte. No chão, além da calça jogada , um batom sem a tampa, um papel de chocolate. Ao entrar no banheiro, notou que o gás estava ligado e que a água do chuveiro caía continuamente sobre o azulejo. Fechou a torneira, o vapor condensava-se no espelho da pia. Heitor passou a toalha no espelho e o que viu o assustou. Era um outro homem o que estava ali: os olhos vermelhos, a pele envelhecida, o cabelo desarrumado, a barba por fazer. A última imagem que tinha de si não era essa. Pegou o aparelho de barbear, ensaboou o rosto e fez a barba. Entrou debaixo do chuveiro e ficou algum tempo se limpando com o sabonete de erva-doce que alguém havia lhe dado. Enxugou-se com uma toalha limpa. Vestiu uma calça jeans, uma blusa branca e saiu do quarto. Ao abrir a porta da sala, notou um bilhete debaixo da porta. Era dela, de Valeska, a mulher da noite. Uma lufada de ar gelado rompeu pela porta e o envolveu. Ficou ali parado, olhando o vazio do corredor.
segunda-feira, novembro 09, 2009
sexta-feira, outubro 30, 2009
sympaty for the devil
mais uma vez ouvi a música dos stones "sympaty for the devil" e sempre me surpreende a letra, o ritmo, a melodia. acho que foi no final da década de 60 ou início dos anos 70, não sei, que eles tocaram pela primeira vez.
de certa forma foram precisos na definição de lúcifer, hoje reencarnado na figura desses caras donos do mundo, nos assassinos ou no vizinho da frente.
andamos correndo de nós mesmos, andamos correndo do demônio que está mais em nós do que em outras pessoas, andamos nas ruas com o medo nos rondando e com medo de olhar nos olhos dos meninos ou de qualquer pessoa que nos mostre a diferença ou o espelho.
e isso a cada dia, a cada hora, a cada minuto.
lúcifer, simpático e garboso em sua sedução, em sua gentileza.
ele me estende a mão e sempre que posso a aperto com força.
quero o seu poder, a sua indiferença; quero o prazer, o deleite, a luxúria.
e ele vai me seduzindo e seduzindo tantos outros. vendo a minha alma. ele é o deus eterno presente em todos os tempos. poucos sabem reconhecê-lo verdadeiramente. poucos sabem o seu verdadeiro jogo. eu sei. e tenho prazer em conhecê-lo.
"pleased to meet you, hope you guessed my name"... Is just the nature of my game"...
o vídeo está aqui
quarta-feira, outubro 28, 2009
Tem poema meu!
Gente, tem um poema meu no Maria Clara Simplesmente Poesia. Para conferir é só clicar aqui.
Beijos.
Beijos.
sábado, outubro 24, 2009
atrás da árvore
você, amor, escondeu-se atrás da árvore
aquela que subíamos quando crianças
você disse que nunca cresceria
e como peter pan na terra do nunca
nunca me deixava sem o seu pó mágico
voávamos sobre as cidades
entrávamos por todas as janelas
ríamos e chorávamos indivisíveis
eu era sua fada e você meu encantador
inventávamos o mundo
para que ficássemos juntos
as suas mãos me ensinaram
as melhores brincadeiras
juramos amor eterno
e gravamos dois nomes
em um coração amarelo
no galho mais alto e escondido
agora te vejo, amor
atrás da árvore
atrás do que fomos
atrás do que perdemos
aquela que subíamos quando crianças
você disse que nunca cresceria
e como peter pan na terra do nunca
nunca me deixava sem o seu pó mágico
voávamos sobre as cidades
entrávamos por todas as janelas
ríamos e chorávamos indivisíveis
eu era sua fada e você meu encantador
inventávamos o mundo
para que ficássemos juntos
as suas mãos me ensinaram
as melhores brincadeiras
juramos amor eterno
e gravamos dois nomes
em um coração amarelo
no galho mais alto e escondido
agora te vejo, amor
atrás da árvore
atrás do que fomos
atrás do que perdemos
quarta-feira, outubro 21, 2009
filhos na noite
irmãos na noite espalhados
na casa da velha mãe
hoje não é festa, não é aniversário
e surge a pergunta mortal
quem vai ficar com ela?
como se ela não pensasse
como se ela fosse a carga mais pesada
a mãe poderosa e infalível
mergulha nas suas sombras
nos seus medos e sofre
por que meus filhos estão aqui?
queria afagá-los e tirar deles todo sofrimento
queria carregá-los no colo
queria alimentá-los e enchê-los de alegria
os filhos como morcegos agitados
começam a se debater
quem vai ficar com ela, a mãe?
uns esbarram as asas frágeis nos outros
uns tentam perfurar o coração dos outros
uns se acham insubstituíveis, infalíveis
são líderes, poderosos, ou mais sábios
outros apenas ouvem calados o que se fala
e no fundo do corredor, em seu quarto,
a mãe adormece, preocupada com suas crias
o cansaço da vida faz doer o seu corpo
as suas pernas são quase inúteis
e no seu peito o coração metálico
marca os seus passos dia a dia
e nessa noite ela sonha
sonha com a família em volta da mesa
as conversas intermináveis,
os risos, as piadas, as brigas, a comilança
seus filhos não cresceram tanto
e o seu velho companheiro ainda esta lá
nessa noite, ela sonha
os morcegos, suas crias, levantam voo
cada um com a sua culpa, cada um com o seu pecado
imaginam que poderiam cantar uma canção
que embalasse o sono de sua mãe
essa mulher que tanto sugam, que tanto amam
que tanta admiração causa
que guarda tantos segredos
mas não sabem como
e choram
suas asas pesam
como se carregassem a humanidade inteira
como se já estivessem definitivamente
presos em suas cavernas mais escuras
(republicado)
domingo, outubro 18, 2009
cenas de parede

quando uma lagartixa deslizou
nas pálidas paredes
e mostrou seu ventre transparente
quando um inseto noturno
desses que voam
entrou e mexeu suas pobres asas
percebeu o olhar parado
frio e mortal daquele ser esbranquiçado
e se debateu loucamente
por uma única vez olhou a lua
e viu nos olhos da mórbida lagartixa
o mesmo brilho
foi devorado lentamente
inexoravelmente
nas pálidas paredes
e mostrou seu ventre transparente
quando um inseto noturno
desses que voam
entrou e mexeu suas pobres asas
percebeu o olhar parado
frio e mortal daquele ser esbranquiçado
e se debateu loucamente
por uma única vez olhou a lua
e viu nos olhos da mórbida lagartixa
o mesmo brilho
foi devorado lentamente
inexoravelmente
sábado, outubro 17, 2009
quando vim ontem pela rua
quando vim ontem pela rua vi um cachorro morto. fiquei olhando para ele imaginando como teria sido a sua vida de cachorro. então lembrei da minha vida e vi que não era muito diferente.me vi morta com a cabeça no passeio e o resto do corpo na rua. imaginei outro cachorro me cheirando com o focinho frio e o bafo quente. vi que ele saiu correndo, como quem corre do diabo.
sábado, outubro 10, 2009
na praça

no caos de minha cidade às seis da tarde não tinha mais nenhum pardal. nem que eu olhasse todos os fios, todas as eiras e beiras e procurasse no meio da praça não tinha nenhum pardal e fiquei perdida olhando para aquilo tudo. passou um cara pedindo pra engraxar meus sapatos e eu estava descalça porque fazia calor demais e a primavera tinha começado. mas ele insistiu e eu disse: hoje não dá, cara! então dei umas moedas pra ele e falei que o fim de tarde estava estranhamente belo, mesmo sem os pardais. o cara me abriu um sorriso dos mais lindos que já vi, saiu rápido e trouxe algumas latas de cerveja gelada e ficamos conversando sobre a cidade e o por do sol. os pardais foram chegando um a um e ficaram ali como se entendessem nossas palavras e como se pressentissem essa possível e intensa primavera.
PS: Tem poema meu no Balaio Porreta, aqui.
PS: Tem poema meu no Balaio Porreta, aqui.
quinta-feira, outubro 08, 2009
tem poema meu de novo!
Pessoal querido , só pra não perder o costume, tem um poema meu lá no poema dia. Se quiserem conferir é só clicar aqui..Beijos.
terça-feira, outubro 06, 2009
sem noção
quarta-feira, setembro 30, 2009
domingo, setembro 27, 2009
ora direis
Havia 25 milhões de estrelas aquela noite. Foi o que consegui contar. Apertava meus olhos com força para ver se não estava imaginando coisas. Mas não adiantava. Elas se mexiam. Na minha visão míope pareciam bailarinas ensandecidas. Era como me presenteassem com uma dança meio triste, meio azul. As estrelas falavam. O Bilac não saía de minha cabeça: " Ora direis ouvir estrelas, certo perdeste o senso"... E eu as ouvia sim, nitidamente, intimamente. E com medo de mim, fechei a janela. Mas pela fresta, ainda percebia um movimento silencioso daqueles olhos brilhantes, daqueles milhões de olhos brilhantes me olhando.
terça-feira, setembro 22, 2009
chamado
imagino-te louco lobo devasso
quando chega a noite e a lua entretanto
cordeiro manso e frio na cama
me pego então a contar estrelas
no céu da boca a língua saliva
febre insana no corpo que treme
na rua lobos me chamam
estou pronta para saltar os muros
e atravessar paredes
quando chega a noite e a lua entretanto
cordeiro manso e frio na cama
me pego então a contar estrelas
no céu da boca a língua saliva
febre insana no corpo que treme
na rua lobos me chamam
estou pronta para saltar os muros
e atravessar paredes
sexta-feira, setembro 18, 2009
sem assobio

tenho que te dizer hoje que a lua está lá, linda, imensa.
as palavras agitam a minha cabeça.
não se encontram.não são amigáveis.
uma garrafa com café já velho, um cigarro pra acender.
essa tela brilhante do computador, a minha lua.
nessa noite os gatos estão em silêncio.
um assobio calmo e afinado destoa-se do resto da cidade.
é esse assobio que me faz pensar.
o homem do assobio não sabe que olho para ele da minha janela.
não sabe a força de seu assobio.
não sabe que sua paz incomoda.
penso um jeito de parar com isso.
assim a música acabaria.
assim tudo ficaria igual.
sem assobio, sem nada.
quinta-feira, setembro 17, 2009
Constatação
É foda.Tem dia que a gente acorda e pensa: Que merda é essa? E não tem mais saída. O dia continua sendo uma merda. A noite, uma merda. E você dorme e pensa: amanhã vai ser melhor. Acorda e tá tudo uma merda de novo.
quarta-feira, setembro 16, 2009
na segunda manhã
(texto de Danilo de Abreu Lima, dando continuidade ao meu outro texto: "na primeira manhã")
“O inferno era agora, finalmente o diabo tinha vencido. O inferno era agora, finalmente o diabo tinha vencido.”
...e assim, perdivagando nesses pensamentos endemoniados acabei dormindo e o dia se esvaiu assim meio perdido aturdido no centro daquele ciclope daquele som de cabeças sendo cortadas pauleira desdentando bocas e esfacelando crânios e eu a pensar meu deus que poderá ainda vir meu deus meu deus por que tanta doideira numa só tacada será que você já está antecipando o fim eu penava e lembrava o inferno de signos de Pasolini se bem que era muito mais amador e cheio de humor do que esse: esse som( não música, som) ensurdecedor, é foda agüentar esta zuera,mano! E assim eu acabei caindo num sono meio azucrinado sonhando pesadelos acordado viajando nas ondas do inferno e vendo os diabinhos gargalhando lá no fundo do quadro. Perdivagava assim vagabundo na vagazona do entrevigília e sonho e de repente acordei...já não era mais quele dia tinha passado a noite e já era outro dia e já era a manhã do segundo dia... e eu abri a janela, desconfiado, descerrei a persiana devagar como quem não quer nada como caramujo saindo do caracol para se esbaldar na luz do sol e e não houv-ia mais aquela coisa aqueles baticuns aqueles tuntistuntunnnn malditos...ah, havia um solindo lá fora e ...nem entendi ou não acreditava: havia vivaldis sinfônicos voando no ar, eram a primavera o verão o outono e o inverno todos juntos em doces sons que se amalga-amavam nos ouvidos antes surdos- beethoveeeeeens vindos nas asas de abelhas que zumbiam nonas e quintas e maravilhas de Mozart navegando os ares que eram assim meio gelatinosos meio gosmentos de tanta música a pairar parar no ar eu até via eles lá os quatro cavaleiros empunhando rocks dos sessenta
e...ei, será que tomei alguma coisa ontem pra dormir e me ficou essa ressaca essa doideira me fazendo ver o que não é?
.mas não, o diabo não havia vencido e o inferno não era aqui, e agora...ainda havia espaços abertos e flores flores e florestas se abrindo...pensei nos lilazes e nas luzes nas margaridas brancas, sabe aquelas de árvore tipo os ipês aquele escândalo de beleza que até doem nos olhos pensei naqueles velhos interiores e nas pessoas gentes que nem sabem que existem essa música e essas noites e esses desvarios e esses vazios e esses vícios.. pensei nos passarinhos, sim nos passarinhos e no mato e no verde e...
e sei que o diabo não venceu a parada... muitos tamos noutra, ainda, e o mundo ainda tem redenção!
...e assim, perdivagando nesses pensamentos endemoniados acabei dormindo e o dia se esvaiu assim meio perdido aturdido no centro daquele ciclope daquele som de cabeças sendo cortadas pauleira desdentando bocas e esfacelando crânios e eu a pensar meu deus que poderá ainda vir meu deus meu deus por que tanta doideira numa só tacada será que você já está antecipando o fim eu penava e lembrava o inferno de signos de Pasolini se bem que era muito mais amador e cheio de humor do que esse: esse som( não música, som) ensurdecedor, é foda agüentar esta zuera,mano! E assim eu acabei caindo num sono meio azucrinado sonhando pesadelos acordado viajando nas ondas do inferno e vendo os diabinhos gargalhando lá no fundo do quadro. Perdivagava assim vagabundo na vagazona do entrevigília e sonho e de repente acordei...já não era mais quele dia tinha passado a noite e já era outro dia e já era a manhã do segundo dia... e eu abri a janela, desconfiado, descerrei a persiana devagar como quem não quer nada como caramujo saindo do caracol para se esbaldar na luz do sol e e não houv-ia mais aquela coisa aqueles baticuns aqueles tuntistuntunnnn malditos...ah, havia um solindo lá fora e ...nem entendi ou não acreditava: havia vivaldis sinfônicos voando no ar, eram a primavera o verão o outono e o inverno todos juntos em doces sons que se amalga-amavam nos ouvidos antes surdos- beethoveeeeeens vindos nas asas de abelhas que zumbiam nonas e quintas e maravilhas de Mozart navegando os ares que eram assim meio gelatinosos meio gosmentos de tanta música a pairar parar no ar eu até via eles lá os quatro cavaleiros empunhando rocks dos sessenta
e...ei, será que tomei alguma coisa ontem pra dormir e me ficou essa ressaca essa doideira me fazendo ver o que não é?
.mas não, o diabo não havia vencido e o inferno não era aqui, e agora...ainda havia espaços abertos e flores flores e florestas se abrindo...pensei nos lilazes e nas luzes nas margaridas brancas, sabe aquelas de árvore tipo os ipês aquele escândalo de beleza que até doem nos olhos pensei naqueles velhos interiores e nas pessoas gentes que nem sabem que existem essa música e essas noites e esses desvarios e esses vazios e esses vícios.. pensei nos passarinhos, sim nos passarinhos e no mato e no verde e...
e sei que o diabo não venceu a parada... muitos tamos noutra, ainda, e o mundo ainda tem redenção!
segunda-feira, setembro 14, 2009
na primeira manhã
Na primeira manhã em que abriu a janela para rua, o som intragável de uma música eletrônica fez vibrar seus dois ouvidos. Desde esse dia então pensou que melhor seria ficar trancado até as tripas se dissolverem e saírem por suas orelhas e poros para não ter que escutar aquele som. Um som que devia ficar preso no inferno atormentando as almas pecadoras da Terra. Quando se lembrou da frase de Sartre "o inferno são os outros' riu para si mesmo. O verdadeiro inferno é essa música, concluiu. Pensou em um livro que tinha lido há muitos anos" Os demônios descem do Norte" e era quase profético ao narrar a saga dos evangélicos que vinham da América do Norte e se espalhavam pelo mundo. Eram pensamentos vagos. O Tinhoso devia estar feliz, o capeta e seu tridente em riste. Quis abrir a janela, quis pensar que estava errado, que tinha exagerado em suas percepções. Não pôde. Ao som torturante da música eletrônica, como um marca-passo estúpido e insistente, no meio de tantos que dançavam, havia um ar de triunfo, quase satânico e um sorriso escondido em uns olhos vermelhos. O inferno era agora, finalmente o diabo tinha vencido.
quarta-feira, setembro 09, 2009
além de mim
terça-feira, setembro 08, 2009
poema dia/ hoje poema meu
Mais uma vez, convido vocês para darem uma espiada no poema dia. Tem um poema meu lá. Beijos. Clique aqui.
sexta-feira, setembro 04, 2009
quarta-feira, setembro 02, 2009
quando vier o dia

Protesto contra a morte de uma jovem de 17 anos, moradora da favela Heliópolis, na zona sul de São Paulo, ocorrida na noite de segunda-feira. Foto de Werther Santana/Agência Estado.
e quando vier o dia
os homens estarão mortos
as crianças tristes e perdidas
e órfãs as mulheres
quando vier o dia
ficarão pássaros com asas queimadas
e o grito insano da cidade
estaremos sedados
a noite e o país em pedaços
melhor fechar as janelas
e não ouvir
estaremos seguros em nossas casas
e alguém dirá que não existe guerra
(esse poema também está lá no Balaio Porreta, aqui)
sexta-feira, agosto 28, 2009
descoberta
aqui agora no alto da montanha
vêem-se somente matos, flores vermelhas
aranhas exóticas, insetos camuflados
vêem-se somente matos, flores vermelhas
aranhas exóticas, insetos camuflados
não há nada perturbador
as coisas estão como devem estar
pode aparecer uma nuvem negra
pode chover, pode trovejar
mas o poder está justamente nisso
a imutabilidade mutável do universo
e você ali parado olhando
querendo compreender e encaixar fórmulas
querendo descobrir o indecifrável
querendo atinar com o desatino insano
da força imensurável da natureza
e eu te olhando ali parada
querendo te decifrar
querendo descobrir o seu mistério
nesse momento, nesse segundo
somos únicos, somos iguais
a montanha testemunha
esse instante mágico
instante em que nos tornamos magos
instante em que somos infinitos
as coisas estão como devem estar
pode aparecer uma nuvem negra
pode chover, pode trovejar
mas o poder está justamente nisso
a imutabilidade mutável do universo
e você ali parado olhando
querendo compreender e encaixar fórmulas
querendo descobrir o indecifrável
querendo atinar com o desatino insano
da força imensurável da natureza
e eu te olhando ali parada
querendo te decifrar
querendo descobrir o seu mistério
nesse momento, nesse segundo
somos únicos, somos iguais
a montanha testemunha
esse instante mágico
instante em que nos tornamos magos
instante em que somos infinitos
quinta-feira, agosto 27, 2009
CÓDIGO DA VIDA
sexta-feira, agosto 21, 2009
vento de agosto
as luzes da cidade acenderam a noite
e estou do outro lado
penso quando não pensava no tempo
e tinha sempre uma lua inventada
os pássaros escuros varrem os insetos
este espaço é muito vasto
o vento de agosto entra no meu quarto
e não ouço o seu barulho
e sinto suas mãos frias
e a noite acesa do outro lado
me escondo no escuro
e a imensidão fica pequena
quero fechar as janelas
mas a lua é imensa
levanto-me no vento
e me curvo às suas frases de pedra
quinta-feira, agosto 20, 2009
Tem um poema meu lá!!
Pessoal, o Lívio Oliveira, mais uma vez, postou um poema meu em seu blog Teorema da Feira. Por incrível que pareça, desse eu gosto. O cara teve sensibilidade para escolher. Então, quem quiser conferir, clique aqui . Beijos.
terça-feira, agosto 18, 2009
última bossa
mágico silêncio que perturba
essa noite na guanabara
e o o cristo de braços abertos
olha para os últimos boêmios
resquícios de uma geração
sempre à espera
da garota de Ipanema
do Leblon ou de Copacabana
esperam sentados
tomando copos de uísque e cerveja
misturados às suas lembranças e delírios
os cigarros antes sensuais
deixam amarelados os dentes e os dedos
a fumaça esconde suas rugas
e o álcool os faz renascer
no cantinho um violão
joão ainda na vitrola
e o mar uma neblina densa
o redentor os admira
esses homens absolutos em sua dignidade
fiéis a uma história
fiéis a uma época
em que era possível sonhar
sonhar paixões sonhar um país
o cristo se inclina por um momento
levanta a mão e chora
só eles os poetas da cidade sabem
só eles os guardiães da cidade podem chorar
pelo menos esta noite
pelo menos nesta derradeira noite da guanabara
(republicado e muito modificado)
essa noite na guanabara
e o o cristo de braços abertos
olha para os últimos boêmios
resquícios de uma geração
sempre à espera
da garota de Ipanema
do Leblon ou de Copacabana
esperam sentados
tomando copos de uísque e cerveja
misturados às suas lembranças e delírios
os cigarros antes sensuais
deixam amarelados os dentes e os dedos
a fumaça esconde suas rugas
e o álcool os faz renascer
no cantinho um violão
joão ainda na vitrola
e o mar uma neblina densa
o redentor os admira
esses homens absolutos em sua dignidade
fiéis a uma história
fiéis a uma época
em que era possível sonhar
sonhar paixões sonhar um país
o cristo se inclina por um momento
levanta a mão e chora
só eles os poetas da cidade sabem
só eles os guardiães da cidade podem chorar
pelo menos esta noite
pelo menos nesta derradeira noite da guanabara
(republicado e muito modificado)
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